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Vinho supera saquê no Japão com a ajuda das mulheres

Aya Takada e Hiromi Horie

08/02/2017 14h15

(Bloomberg) -- A crescente quantidade de mulheres no mercado de trabalho do Japão anima vinicultores a 16.000 quilômetros de distância.

Os produtores de vinho chilenos despontaram como os maiores beneficiários do pulsante mercado de vinhos do Japão. O vinho chileno, de preços baixos e aroma frutado, encontrou um nicho receptivo entre mulheres na faixa de 40 a 50 anos, que têm contribuído para elevar o consumo da bebida a níveis recorde todos os anos desde 2012.

"As mulheres estão bebendo mais à medida que sua participação no mercado de trabalho e sua renda disponível aumentam", disse Naoko Kuga, analista que acompanha mudanças no estilo de vida do NLI Research Institute, com sede em Tóquio. "Essa tendência é positiva para o consumo de vinho."

E também para o Chile. O país latino-americano ultrapassou a França como principal fornecedor de vinho para o Japão em 2015, com uma presença dominante em supermercados e lojas de conveniência ? terreno fértil para comerciantes com foco em clientes do sexo feminino. A Viña Concha & Toro, que tem sede em Santiago e produz os vinhos cabernet sauvignon e merlot Casillero del Diablo, divulgou em novembro aumento de 24 por cento no volume de vendas para o Japão no terceiro trimestre.

O Japão importou 74,6 milhões de litros de vinho do Chile no período de 11 meses finalizado em novembro, em comparação com 57,7 milhões de litros da França, segundo dados do Ministério da Agricultura.

Vinho Aeon

A Aeon, maior operadora de rede de supermercados do Japão, contratou a juíza de competições de vinho Yumi Kunimi em 2014, para ajudar a empresa a promover as vendas com degustações em lojas de Osaka, centro industrial do país.

"Alguns clientes disseram que nunca haviam provado vinho antes e se tornaram grandes fãs a partir das degustações em nossas lojas", disse Kunimi.

As marcas oferecidas, em geral, são vendidas por menos de 2.000 ienes por garrafa (US$ 18) e escolhidas em uma reunião anual de um grupo formado por mulheres, que inclui sommeliers, consumidoras de vinho e consultoras, para definir quais marcas agradam mais ao público feminino e quais harmonizam melhor com a comida japonesa, explicou Kunimi.

O saquê, feito de arroz fermentado, é o tipo de vinho mais consumido no Japão, embora o volume de vendas não tenha aumentado desde 2011, de acordo com a Euromonitor International.

Em contraste, o consumo de vinho de mesa produzido com uvas mostra uma taxa de crescimento anual média de 4,5 por cento nos últimos seis anos no Japão, segundo dados da Euromonitor. Consumidores na faixa dos 20 e 30 anos estão começando a tomar vinho em casa depois de experimentar a bebida em bares de tira-gosto, que se tornaram populares no Japão, segundo um relatório divulgado em agosto pela empresa de pesquisa de mercado.

O consumo per capita de vinho de uva disparou 50 por cento desde 2006, para uma média de 2,4 litros por ano, estima a Euromonitor. Ainda assim, o consumo japonês é apenas uma fração dos 40,2 litros de vinho consumidos anualmente por um adulto médio em Portugal, e muito menos do que os 8,6 litros tomados pelos americanos.

"O consumo anual de vinho no Japão ainda é de quatro garrafas por pessoa", disse Kiyoshi Yokoyama, presidente da Mercian, vinícola subsidiária da Kirin Holdings, e presidente do conselho da Associação de Vinícolas do Japão. "Temos grande potencial de crescimento."