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Coisas estranhas acontecem nas cavernas salinas de Mont Belvieu

Laura Blewitt

17/02/2017 14h42

(Bloomberg) -- Os preços do combustível armazenado nas cavernas salinas de Mont Belvieu, no Texas, EUA, saíram um pouco do controle.

Três empresas, Enterprise Products Partners, Targa Resources e Lone Star, utilizam a caverna para a armazenagem de líquidos de gás natural, que são negociados no mercado à vista e exportados para todo o mundo. As flutuações do preço do butano entre as três empresas normalmente são de um ou dois centavos de dólar.

Mas em dezembro o preço do butano da Enterprise ficou US$ 0,30 por galão (3,78 litros) mais caro que o mesmo combustível armazenado em uma caverna a apenas alguns passos de distância. O volume negociado triplicou sua média mensal.

"O mercado simplesmente ficou maluco", disse Kelly Van Hull, diretora de análise energética da consultoria RBN Energy, com sede em Houston. "Estava todo mundo fora -- era literalmente a semana do Natal -- e era um momento bastante ruim para decepcionar alguém."

A volatilidade repentina do preço pode atrapalhar traders e corretores de propano e butano. As razões variam. A demanda pode oscilar, a oferta pode cair ou subir e de vez em quando alguma mesa de negociação tenta manipular o mercado. Essa última explicação não se refere a algo inédito. A BP Products North America pagou US$ 303 milhões em 2007 em acordo com a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA após ser acusada de tentativa de monopólio do mercado de propano de Mont Belvieu. Procurada, a BP preferiu não comentar o assunto.

A volatilidade do preço de dezembro ainda deixa os participantes do mercado confusos. Alguns traders, corretores e analistas, que pediram anonimato, disseram que este pode ser o momento de os investidores cobrirem suas vendas a descoberto. Alguns deles disseram que as remessas para o exterior, em alta recorde, diminuíram ainda mais a oferta, já restrita. Mas nenhum deles encontra uma explicação definitiva.

Vórtice polar

"Negocio LGN há cerca de 10 anos e já vi muitas coisas", disse Joe Sevick, diretor de pesquisa da Wood Mackenzie, que tem sede em Houston, e ex-trader da Castleton Commodities International e da BP. "Com exceção do vórtice polar, realmente nunca vi uma estrutura como essa."

Em janeiro de 2014, no auge da onda de ar frio daquele inverno, os traders de propano vivenciaram uma volatilidade ainda pior que a atual. Um local de armazenagem semelhante a Mont Belvieu, mas em Conway, Kansas, no Centro-Oeste dos EUA, viu os preços do propano no atacado subirem 180 por cento em três pregões. Neste mês, o propano de Mont Belvieu no terminal Enterprise oscilou menos de 16 por cento em dois pregões.

Representantes da Targa e da Lone Star não deram retorno aos pedidos de comentário. A Enterprise preferiu não comentar as flutuações de preço de Mont Belvieu.

Após a alta do butano em dezembro, houve caos novamente em Mont Belvieu, desta vez entre os traders do LGN mais pesado, a gasolina natural. Os preços da Enterprise caíram em relação aos do terminal próximo da Lone Star. Aparentemente, o declínio foi motivado por restrições de armazenagem. Mont Belvieu, que fica a 50 quilômetros a leste de Houston, estava se recuperando de inundações que podem ter ameaçado o conteúdo de sal dos depósitos de salmoura, importantes para a armazenagem de combustível.