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UE poderia limitar vida do carvão pelo custo de uma cerveja

Mathew Carr, Tino Andresen e Brian Parkin

20/02/2017 12h50

(Bloomberg) -- Aposentar a maior parte das usinas de energia mais poluentes da Europa provavelmente seja mais barato do que você pensa.

Empresas como a distribuidora de energia alemã EON e a sueca Vattenfall defendem medidas como um preço mínimo para os direitos de poluição para dar a partida no vacilante mercado de carbono da União Europeia. Um imposto desse tipo efetivamente forçaria todas as usinas de carvão a fecharem, com exceção das mais eficientes.

"A implementação de um preço mínimo para o carbono seria a solução de melhor custo-benefício" para evitar o pior das mudanças climáticas, disse Johannes Teyssen, CEO da EON, que no ano passado separou as usinas de combustíveis fósseis da empresa. "Um sistema de negociação de emissões que funcione bem e de forma eficiente poderia, na verdade, restaurar a reputação da Europa como líder em termos de política climática", disse ele, por e-mail.

Os esforços da UE para reformar seu sistema de limite e comércio de US$ 48 bilhões fracassaram diversas vezes em aumentar o custo da poluição e incentivar o investimento ecológico. Apesar de o Reino Unido operar um piso de preço nacional e de a França ter proposto um imposto regional, a oposição continua intensa.

Os países dependentes do carvão, grupo que inclui a Polônia, argumentam que os custos maiores prejudicarão suas economias e o comissário da UE pela Ação Climática e pela Energia, Miguel Arias Cañete, disse que uma medida do tipo poderia afetar o setor de manufatura da região.

Um piso de preço de 30 euros (US$ 32) por tonelada de dióxido de carbono, ou seis vezes a taxa permitida atualmente, custaria aos cidadãos europeus cerca de 5 euros por ano até 2025, apenas, segundo o Instituto de Economia Energética, ou EWI, de Colônia, Alemanha. É o mesmo preço de uma cerveja no pub Wild Geese, na mesma rua da sede da Comissão Europeia, em Bruxelas.

Embora o órgão regulador do mercado criado há 12 anos continue comprometido com a ausência de pisos ou tetos para o preço, a intervenção ganha força fora da Europa. O Canadá planeja instituir preços mínimos para o carbono a partir de 2018 para desencorajar os combustíveis fósseis e aumentar as receitas. E em 8 de fevereiro um grupo de republicanos e líderes empresariais dos EUA, entre eles o ex-secretário do Tesouro Hank Paulson, defenderam a implantação de um imposto ao carbono para assessores da Casa Branca.

O HSBC Group afirmou que a criação de preços mínimos para as emissões de gases causadores do efeito estufa ajudaria a atrair financiamento para distanciar a economia mundial dos combustíveis fósseis, enquanto o BNP Paribas, o banco com sede em Paris, calcula que a aplicação de um piso poderia dar certeza aos investidores em projetos de tecnologias limpas. A Vattenfall se uniu a outras três empresas nórdicas de eletricidade no início do mês para pedir medidas que sustentem os preços do carbono, e Cingapura informou nesta segunda-feira que planeja um imposto ao carbono para 2019.