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Na Suécia sem dinheiro vivo, igrejas aceitam cartão e doações via app

Dinheiro vivo na Suécia está cada vez mais raro - Getty Images
Dinheiro vivo na Suécia está cada vez mais raro Imagem: Getty Images

Love Liman e Niklas Magnusson

15/05/2017 10h09

(Bloomberg) -- Na sociedade que menos usa dinheiro vivo no planeta, agora até Deus aceita pagamentos digitais. Um número crescente de paróquias suecas começou a receber doações por meio de aplicativos móveis. A catedral de Uppsala, do século 13, também aceita cartões de crédito.

O esforço das igrejas para acompanhar os novos tempos é o último sinal da rápida mudança da Suécia para um mundo sem notas e moedas. A maior parte das agências bancárias do país deixou de manipular dinheiro; algumas lojas e museus agora só aceitam plástico. Vá a um mercado de pulgas e é provável que o vendedor peça para ser pago por meio do popular aplicativo sueco Swish, e não com dinheiro.

"Quinze anos atrás eu sacava todo o meu salário e o colocava na carteira, por isso sabia quanto ainda tinha, mas hoje em dia eu realmente nunca carrego dinheiro", disse Lasse Svard, vigário em exercício da paróquia de Jarna-Vardinge, a cerca de 50 quilômetros ao sul de Estocolmo.

Desaparecimento do dinheiro

A aversão dos suecos ao dinheiro vivo é cada vez mais visível nos dados sobre a oferta monetária. Segundo a agência sueca de estatísticas, as notas e moedas em circulação pública caíram para uma média de 56,8 bilhões de coroas (US$ 6,4 bilhões) no primeiro trimestre deste ano. Esse foi o nível mais baixo desde 1990, mais de 40% abaixo de seu pico de 2007, com o ritmo do declínio acelerando rapidamente em 2016.

De acordo com o banco central sueco, que também estuda a possibilidade de lançar sua própria moeda digital, a principal razão para o desaparecimento é a inovação técnica.

A vice-presidente do Riksbank, Cecilia Skingsley, observa que os suecos foram os primeiros a adotar computadores pessoais e telefones celulares (lembra dos telefones Ericsson?) e que os bancos do país agiram rapidamente para criar estruturas para todo o setor como cartões de débito, cartões de crédito e o aplicativo Swish, que tem 5,5 milhões de usuários e é de propriedade dos maiores bancos do país. Os suecos também parecem confiar nesses sistemas, disse ela, em entrevista recente em Estocolmo.

Impulso para inovação

"Foi criado um impulso para inovação na Suécia para chegar a alternativas para o dinheiro com bom custo-benefício e fáceis de usar", disse Skingsley. É provável que o dinheiro "meio que desapareça" como forma de pagamento no setor privado, disse ela.

Mas uma sociedade sem dinheiro também tem seus desafios e críticos.

Muitos pensionistas têm dificuldades para efetuar pagamentos no mundo on-line e os defensores da privacidade lamentam o fato de o Estado estar adquirindo um controle maior sobre o que seus cidadãos fazem. Existem também preocupações a respeito da vulnerabilidade de uma sociedade sem dinheiro em caso de um ataque ou de grandes blecautes.

Mas parece que, por enquanto, os benefícios --incluindo os custos corporativos menores, o controle maior sobre a receita tributária e a segurança maior em relação aos criminosos-- superam os inconvenientes.