Fracasso da reforma eleva volatilidade com eleição em 2018
(Bloomberg) -- A ausência de sinais consistentes de avanço da reforma da Previdência, que segue empacada mesmo diante do processo de mudança no ministério do presidente Michel Temer, tende a ampliar a incerteza do mercado com a eleição de 2018.
Se a reforma não sair neste governo, ou for aprovada de forma excessivamente desidratada, o próximo presidente deve herdar um país em crise fiscal, com o teto de gastos ameaçado e tendo de aprovar uma reforma a toque de caixa.
"A eleição já seria bastante importante para o mercado caso o Congresso aprovasse uma reforma enxuta, com apenas 50% dos cortes previstos. Se nem esta reforma enxuta passar, a eleição ficará ainda mais relevante", diz Christopher Garman, cientista político da Eurasia Group.
A consultoria, que vinha apontando maior probabilidade de uma reforma consistente ser aprovada, reduziu recentemente esta probabilidade para menos de 50%. "Aumentaram as chances de um quadro volátil."
"Uma reforma da Previdência mínima protegeria o mercado do risco eleitoral", diz Fabio Klein, analista de finanças públicas da Tendências Consultoria. Ele considera que, com a reforma já aprovada, haveria maior chance de mesmo uma eventual vitória de Lula ser assimilada com "certa calmaria". Quanto mais se adia a reforma, ou quanto mais diluída ela for, maior o risco de o governo ultrapassar o teto de gastos já em 2018, afirma Klein.
O aumento do pessimismo com a reforma só não teve mais impacto nos ativos financeiros porque o mercado já estava cético com as chances de a proposta ser aprovada ainda este ano, diz Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do CA Indosuez. Sem a reforma aprovada agora, porém, a eleição de 2018 pode se tornar uma "questão de vida ou morte", diz Caramaschi.
Para os investidores, passará a ser ainda mais crucial que um candidato comprometido com as reformas, sobretudo a da Previdência, seja viável na eleição, diz o estrategista do CA Indosuez. "O mercado é pragmático. Não importa o partido, o importante são as reformas". Para Caramaschi, a eleição se soma, como fator de incerteza para o mercado brasileiro, à expectativa de alta dos juros do Fed, nos EUA.
A cautela com a eleição presidencial pesa sobretudo sobre o humor do investidor estrangeiro em relação ao país, diz Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Modal Asset. "O estrangeiro só vai comprar quando estiver mais tranquilo com as eleições. E isso vai demorar."
Garman, da Eurasia, pondera que, apesar da incerteza com uma eleição na qual candidatos anti-establishment devem ser competitivos, existe a possibilidade de a reforma da Previdência acabar sendo aprovada no próximo governo, independente de quem seja o presidente, em razão do maior consenso sobre a urgência do ajuste fiscal.
--Com a colaboração de Ana Carolina Siedschlag
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