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Jornalista vira bilionário na China com serviço de streaming ao vivo

David Xueling Li, co-fundador do serviço de streaming YY - Divulgação
David Xueling Li, co-fundador do serviço de streaming YY Imagem: Divulgação

Venus Feng

09/02/2018 13h39

(Bloomberg) -- Todas as noites, milhões de jovens chineses passam o dedo pela tela do smartphone e gastam dinheiro para cobrir de presentes virtuais seus apresentadores favoritos de transmissões ao vivo.

Este tornou-se um hábito diário para 73 milhões de usuários da plataforma de streaming (transmissão) ao vivo YY, onde há de tudo: apresentações de canto e dança, tutoriais de maquiagem, jogos de perguntas e esportes radicais. Do outro lado da tela, os maiores talentos ganham mais de 10 milhões de yuans (US$ 1,6 milhão) por ano, sem sair do conforto do próprio quarto.

A China se tornou o maior mercado de transmissões ao vivo e projeta-se que a receita em 2018 chegará a US$ 4,4 bilhões, de acordo com um relatório publicado pela Deloitte em dezembro.

Essa explosão foi uma benção para as ações da YY, que quase triplicaram nos últimos 12 meses e deram ao fundador David Xueling Li um patrimônio líquido de US$ 1,3 bilhão, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Li, de 44 anos, detém uma participação de 20% diretamente e através de empresas controladoras nas Ilhas Virgens Britânicas --YYME e New Wales Holdings, de acordo com o suplemento de um prospecto de agosto de 2017.

Ele também tem uma participação maioritária na startup de transmissões ao vivo BIGO Technology, com sede em Cingapura, que vale mais de US$ 200 milhões, de acordo com o índice Bloomberg.

Li controla a maior parte do poder de voto da YY. "Posso conduzir minha empresa da maneira que eu quero, e isso é o mais importante para mim", disse ele, em entrevista por telefone. "Raramente vendo minhas ações, então o preço da ação da YY não tem muito impacto sobre mim."

Jornalista que virou empresário

Li, que se formou em Filosofia na Renmin University of China, é um jornalista que virou empresário. Ele começou sua carreira como repórter de tecnologia em Pequim e chegou a ser chefe de redação do NetEase.com, um site fundado pelo bilionário chinês Ding Lei.

Ele pediu demissão em 2005 e começou o agregador de jogos online Duowan.com em um apartamento de Guangzhou com US$ 1 milhão de seu investidor-anjo, o magnata da tecnologia Lei Jun, que ficou conhecido como o Steve Jobs da China por criar a marca de smartphone Xiaomi. Duowan.com se tornou uma subsidiária integral da YY em 2011.

Estratégia de inovação

YY Client foi o primeiro produto de bate-papo em tempo real da empresa e ajudou a atrair milhões de jogadores e a dar a Lei um retorno de mais de cem vezes a seu investimento, depois que a empresa chegou ao Nasdaq em 2012.

A participação de Lei na YY está avaliada em quase US$ 800 milhões, e ele também colheu pelo menos US$ 272 milhões da venda de ações, de acordo com documentos da empresa e dados compilados pela Bloomberg.

A YY se expandiu para música, educação e encontros online durante a última década e registrou uma receita de 8,2 bilhões de yuans em 2016. Li abandonou brevemente o cargo de CEO em agosto daquele ano, mas voltou a assumi-lo dez meses mais tarde, depois que seu sucessor renunciou por motivos de saúde.

"O mercado reconheceu a estratégia da empresa em inovação de produtos e aquisição de usuários", disse Zhou Zhe, analista do Bank of Communication International, que considera que o retorno de Li ajudou a empresa.