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Bolsa dos EUA terá primeira ação de empresa produtora de maconha

Jennifer Kaplan e Erik Schatzker

26/02/2018 14h42

(Bloomberg) -- A Bolsa de Valores Nasdaq listará suas primeiras ações de cannabis na terça-feira (27), um marco para um setor que tem sido rejeitado pelo governo Trump.

A Cronos Group, que já é negociada no Canadá, será a primeira empresa de maconha em uma grande Bolsa dos EUA --ao lado de outras ações da Nasdaq, como a Apple, a Microsoft e a Starbucks.

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A listagem poderia ajudar a expandir a chamada "febre da maconha". Os investidores dos EUA que estavam incômodos ou impedidos de colocar fundos no exterior ou em ações do mercado de balcão agora têm uma opção convencional que foi aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês).

"É muito significativo para a empresa e para todo o setor", disse Mike Gorenstein, fundador e CEO da Cronos, em entrevista. "É um momento importante, que mostra que o estigma da maconha continua diminuindo."

A medida coincide com uma expansão do setor da maconha em todo o mundo. O Uruguai legalizou a cannabis nacionalmente para todos os adultos, e o Canadá deverá seguir esse exemplo no final deste ano. A Alemanha está entre os cerca de 30 países que permitem a venda da planta com fins medicinais.

Nos EUA, nove Estados e Washington, o Distrito Federal, legalizaram o uso recreativo e 29 Estados permitiram o uso medicinal.

Sozinho, o mercado norte-americano chegará a US$ 50 bilhões até 2026, em contraste com US$ 6 bilhões em 2016, de acordo com o banco de investimentos Cowen & Co.

A Cronos está aproveitando a oportunidade internacional. A empresa com sede em Toronto produz e vende maconha medicinal no Canadá. Também envia seus produtos para a Alemanha, onde são distribuídos pela G. Pohl-Boskamp.

Listagem nos EUA

Para Cronos, a listagem nos EUA poderia abrir as portas para um capital significativo. Ela também vai esclarecer a confusão em torno da legalidade do investimento, disse Gorenstein. Cerca de uma de cada três conversas que ele teve com investidores americanos foi sobre se eles poderiam investir legalmente na entidade canadense.

"Muitos investidores dos EUA ainda não têm certeza sobre a legalidade: não há muita conscientização sobre a legalização federal no Canadá em contraste com os EUA", disse ele. "A listagem na Nasdaq abrirá o leque de oportunidades para muitos investidores dos EUA que se sentiam inseguros - inclusive no nível institucional."

Incertezas

A confusão é justificada. A cannabis continua sendo ilegal segundo a legislação federal dos EUA. O procurador-geral do país, Jeff Sessions, rescindiu em janeiro as proteções da era Obama que permitiram que setores com legalização estadual prosperassem.

Ainda assim, essa ilegalidade não impede que investidores dos EUA coloquem dinheiro em empresas estrangeiras que operam legalmente em seus respectivos países, disse Gorenstein.

A Cronos estava "extremamente concentrada" em garantir que estava preparada para se adequar aos padrões da SEC antes de apresentar a solicitação para ser listada na Nasdaq. Por isso, o processo foi relativamente tranquilo.

"Espero que a listagem sirva como um catalisador e que seja útil para as empresas dos EUA também, em termos de acabar com o estigma", disse ele. "Porque queremos que o setor como um todo avance."

O negócio da maconha

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