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Tesla oferece US$ 2,6 bi para que Musk não se mude para Marte

Reuters
Imagem: Reuters

Anders Melin e Dana Hull

22/03/2018 11h56

(Bloomberg) -- Os acionistas da Tesla acabam de comprar, por US$ 2,6 bilhões, uma garantia mais sólida de que Elon Musk ficará na empresa pelo menos durante os próximos dez anos.

Na quarta-feira, os investidores aprovaram um acordo de remuneração para o CEO que poderia ser o maior da história, vinculado às ambições de transformar a Tesla em uma das maiores empresas do mundo. A companhia está se aventurando além de painéis solares e carros elétricos. Se a empresa for bem-sucedida, a bonificação poderia acabar valendo mais de US$ 50 bilhões - uma quantia tão grande que poderia garantir que as outras paixões e os projetos secundários e esotéricos de Musk não lhe roubem muito tempo de trabalho na Tesla.

"Espero continuar no cargo de CEO no futuro próximo", disse Musk na teleconferência de resultados com analistas no mês passado. No entanto, ele não descartou a possibilidade de delegar as responsabilidades de CEO caso apareça um sucessor adequado, o que lhe permitiria se concentrar "no design e na engenharia, que é o que mais gosto de fazer".

Musk também é CEO da Space Exploration Technologies, que projeta uma missão para Marte, e ultimamente tem empreendido vários outros projetos, como a construtora de túneis Boring e uma startup de interface cérebro-computador chamada Neuralink. A nova bonificação - aprovada na reunião especial da empresa em Fremont, Califórnia - exige que Musk permaneça na Tesla como CEO ou como presidente executivo e diretor de produtos.

Em fato relevante, a Tesla afirmou que cerca de 73 por cento dos votos emitidos na reunião, pessoalmente ou através de representantes, foram a favor do acordo, excetuando aqueles que pertencem de forma direta ou indireta a Musk e seu irmão, Kimbal.

Garantia

O plano de remuneração ajuda a garantir a permanência de Musk na Tesla pelo menos até 2028, mas ainda restam várias perguntas sem resposta. A bonificação contém várias metas audaciosas, mas nenhum plano detalhado sobre como atingi-las nem sobre quando a fabricante dará seu primeiro lucro anual. Além disso, vários executivos saíram da companhia nos últimos 12 meses, deixando a Tesla sem um número 2 claro - um possível motivo de preocupação mesmo se Musk continuar no comando.

Só neste trimestre, a Tesla perdeu Jon McNeill, presidente de vendas e serviço; seu chefe de contabilidade, Eric Branderiz; e Susan Repo; tesoureira corporativa e vice-presidente de finanças. Nos últimos 12 meses, a Tesla também perdeu executivos com o diretor financeiro Jason Wheeler; Chris Lattner, contratado pela Apple, que saiu após comandar a equipe de engenharia do Autopilot da Tesla por menos de seis meses; Kurt Kelty, executivo sênior de baterias; e Diarmuid O'Connell, vice-presidente de desenvolvimento comercial.

Ross Gerber, CEO da Gerber Kawasaki Wealth & Investment Management em Santa Mônica, Califórnia, que possui de ações da Tesla, disse que votou a favor do acordo.

"Você não pode ser acionista da Tesla se não acreditar na empresa e em Elon Musk", disse ele, em entrevista. "Os verdadeiros acionistas da Tesla apostam tudo em Elon."