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Genéricos mais baratos geram caos em resultados de farmacêuticas

Aziza Kasumov

07/08/2018 13h01

(Bloomberg) -- A queda de preço dos medicamentos genéricos nos EUA está afetando os lucros das empresas farmacêuticas, dos distribuidores de produtos médicos e das redes de farmácias, abalando as ações e colocando em risco uma grande aquisição de uma empresa de drogarias.

Os preços caíram por causa da consolidação entre os compradores, da aceleração do processo de aprovação de remédios concorrentes nos órgãos reguladores dos EUA e de acordos entre fabricantes para reduzir ainda mais os custos. Em junho e julho, os medicamentos genéricos estavam 7 por cento a 8 por cento mais baratos do que um ano antes, de acordo com a Evercore ISI.

As próximas grandes fabricantes de medicamentos genéricos a informar os resultados são a Mylan e a Endo International, na quarta-feira, e os investidores vêm observando-as de perto. Depois que a Teva Pharmaceutical Industries, maior fabricante mundial de medicamentos genéricos, anunciou que a receita do segundo trimestre caiu 18 por cento em relação ao ano anterior, as ações da Endo e da Mylan chegaram a cair 2,2 por cento e 2,8 por cento, respectivamente.

A pressão dos preços afetou outras empresas que fabricam medicamentos genéricos ou que ficam com parte do negócio como intermediários na cadeia de abastecimento.

A queda de 18 por cento do lucro da Cardinal Health em seu segmento farmacêutico, anunciada durante a divulgação dos resultados da empresa na segunda-feira, foi provocada principalmente pela unidade de genéricos do distribuidor. A AmerisourceBergen, outro distribuidor, prevê um declínio de 7 por cento a 9 por cento nos preços dos medicamentos genéricos.

Força contrária

Diretores da Cardinal Health e da AmerisourceBergen disseram, durante as apresentações de resultados, que o mercado de medicamentos genéricos está se estabilizando, mas uma grande força contrária deve continuar no futuro.

"Nos últimos três anos nos surpreendeu muito ver a que ponto a queda dos genéricos era persistente", disse Steven Collis, CEO da AmerisourceBergen, em conferência com investidores na quinta-feira. "Tivemos que lidar com isso, mas agora acreditamos que isso é algo que incorporamos aos nossos números e à nossa orientação. E penso que estamos nos saindo bem."

Eric Coldwell, analista da Robert W. Baird & Co., disse que as empresas estão vendo as mesmas tendências.

"No fim das contas, a questão é saber quem construiu a orientação conservadora e quem não", disse ele.

Um mercado de medicamentos genéricos imprevisível não está prejudicando só os resultados; também está abalando as perspectivas de um acordo entre a Rite Aid e a rede de supermercados Albertsons Cos.

Na segunda-feira, as ações da Rite Aid caíram 10 por cento depois que a rede de drogarias reduziu sua previsão de resultados para o ano cheio, afirmando que calculou mal as mudanças de preço dos genéricos. Empresas de consultoria para acionistas pediram aos investidores que votem contra o acordo, alegando que o empreendimento é arriscado demais e que não é suficientemente justo.

A deterioração da perspectiva financeira da Rite Aid "gerou mais incerteza para os acionistas sobre o que fazer na votação", disse Ross Muken, analista da Evercore ISI.