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Estudo recomenda que britânicos voem menos, comam menos carne

Jeremy Hodges

02/05/2019 12h23

(Bloomberg) -- Os britânicos precisam voar menos, dirigir carros elétricos, comer pouca carne e baixar os termostatos de suas residências a 19 graus Celsius para diminuir os gases de efeito estufa que prejudicam o planeta.

Essas são as recomendações da assessoria do governo britânico para mudanças climáticas e ilustram as medidas mais difíceis a serem adotadas em qualquer parte do mundo industrial para controlar a poluição. Elaborado por um painel que inclui parlamentares, cientistas, autoridades do setor e analistas, o relatório de 277 páginas também sugere uma drástica reforma da indústria de manufatura, agricultura e aviação.

As conclusões dos estudos destacam as medidas que a primeira-ministra Theresa May e seus sucessores poderiam adotar para atingir a meta de zerar as emissões até 2050, algo que cientistas dizem ser necessário para prevenir tempestades mais fortes e o aumento do nível dos oceanos provocados pela mudança climática. É uma indicação de que há um consenso crescente sobre o meio ambiente no Reino Unido, mesmo com a profunda divisão dos parlamentares sobre o melhor caminho para deixar a União Europeia.

"Não estamos pedindo às pessoas que levem uma vida miserável", disse John Gummer, ex-parlamentar do Partido Conservador que preside a Comissão sobre Mudança Climática (CCC, na sigla em inglês), a repórteres em Londres antes do relatório ser divulgado na quinta-feira. "Queremos uma vida tão satisfatória, diferente e variada quanto a vida que temos hoje e de uma forma que respeitemos o futuro. "

Ministros de governos de todo o espectro político geralmente têm endossado sugestões da comissão. O governo vai avaliar o relatório e divulgar uma resposta detalhada futuramente. Greg Clark, ministro de gabinete responsável pela Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial, sinalizou que os ministros provavelmente endossarão pelo menos algumas das conclusões.

"A análise da CCC faz uma leitura sensata", disse Roz Bulleid, diretor de política de clima e meio ambiente do grupo de lobby do setor de manufatura Make UK. "A questão-chave para os fabricantes serão as políticas e os mecanismos de suporte implementados para cumprir qualquer meta líquida zero, particularmente em como garantem a contínua competitividade internacional e estimulam a inovação e o investimento em tecnologias de baixo carbono. "Recomendações do relatório:

Os veículos elétricos devem substituir os movidos a gasolina ou diesel até 2035 ou antes desse prazo.

O carvão deve ser eliminado do sistema elétrico durante a década de 2020, com as energias renováveis respondendo por uma fatia maior.

Unidades de captura e armazenamento de carbono devem ser construídas no início da próxima década e expandidas para absorver mais emissões das usinas de combustíveis fósseis remanescentes.

Árvores devem ser plantadas a uma taxa de 30.000 hectares por ano, o dobro do ritmo atual.Os edifícios devem extrair calor de bombas subterrâneas e eletricidade, desativando as caldeiras abastecidas por gás natural.

Os consumidores devem reduzir o desperdício de alimentos e ingerir produtos que utilizem menos carbono, priorizando os nutrientes à base de vegetais e reduzindo o consumo de carne.

Os cortes de emissões devem ser feitos sem compensações nos mercados internacionais de carbono.

--Com a colaboração de Mathew Carr.