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Walmart e Victoria's Secret no alvo de consumidores ativistas

Jeff Green

12/08/2019 14h30

(Bloomberg) -- Líderes empresariais com esperança de que o final do verão oferecesse uma pausa para as crescentes pressões políticas e sociais tiveram uma surpresa desagradável.

Dois tiroteios com vítimas e uma terceira tentativa nas lojas do Walmart colocam a varejista de volta aos holofotes sobre o porte de armas. Academias de ginástica como SoulCycle e Equinox tentam se defender de um boicote motivado pelo apoio do investidor Steve Ross ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Les Wexner, CEO da L Brands, controladora da Victoria's Secret, tentou novamente distanciar a empresa de Jeffrey Epstein, acusado de tráfico de mulheres, bem como das queixas de assédio das modelos.

Desde 2017, quando líderes empresariais foram pressionados a sair do conselho consultivo do presidente Trump, é cada vez mais difícil para as empresas separarem negócios de política. Demandas para que as empresas tomem medidas em relação a certas questões se tornaram uma dor de cabeça para executivos, e não há um consenso claro sobre como responder.

"Quanto mais as pessoas exigem que as empresas façam uma declaração política, se torna mais perigoso não fazer uma declaração política", disse Kabrina Chang, que ensina ética corporativa na Escola de Negócios Questrom, da Universidade de Boston. "O problema é que serão atacadas pela declaração política. Para melhor ou pior, a sociedade está de olho nas empresas mais do que nunca."

Duas pessoas morreram em um tiroteio em uma loja do Walmart no Mississippi em 30 de julho. Mais de 40 foram baleadas em outro ataque em 3 de agosto em uma loja do Walmart em El Paso, no Texas. Um outro tiroteio foi evitado na quinta-feira, quando um atirador que usava uma armadura foi detido por um cidadão armado do lado de fora de uma unidade do Walmart em Springfield, em Missouri.

Como uma das maiores varejistas de armas de fogo dos EUA, o Walmart é alvo frequente de ativistas antiviolência. Em 2015, a empresa suspendeu as vendas de armas de estilo militar, citando a fraca demanda. No ano passado, a empresa disse que aumentaria para 21 anos a idade mínima para a compra de armas de fogo e munição.

Em uma carta aos empregados publicada no site da empresa em 7 de agosto, o presidente do Walmart, Doug McMillon, disse que a empresa poderia participar de uma "discussão nacional mais ampla sobre a violência armada" e "agiria de uma maneira que reflita os melhores valores e ideais de nossa empresa". Dois dias depois, a varejista disse que iria retirar imagens violentas da lojas.

O Walmart não respondeu a um pedido de comentários.

"As empresas estão em uma situação realmente precária", disse Chang. "Se o Walmart parasse de vender armas, talvez nos sentíssemos melhor. Mas seria realmente uma mudança para melhor a longo prazo para a sociedade?".

Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net