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China assegura soja brasileira com aumento de tensões com EUA

Agricultor em meio a plantio de soja em Tangará da Serra (MT) - Paulo Whitaker
Agricultor em meio a plantio de soja em Tangará da Serra (MT) Imagem: Paulo Whitaker

Isis Almeida

27/05/2020 16h30

A China está comprando soja brasileira em um sinal de que o país asiático pode estar garantindo suprimentos à medida que as tensões comerciais com os EUA aumentam.

O principal importador de soja do mundo comprou mais de 10 cargas no Brasil nesta semana, disseram pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas porque as transações são privadas. Enquanto a China fez oferta pela soja americana na terça-feira, os compradores estatais estavam ausentes do mercado na quarta-feira, disseram as pessoas.

As tensões entre os EUA e a China têm aumentado recentemente, com o presidente Donald Trump culpando a nação asiática por enganar o mundo sobre a escala e o risco do surto de coronavírus. Na quarta-feira, o secretário de Estado, Mike Pompeo, disse que os EUA não podem mais certificar a autonomia política de Hong Kong, medida que pode provocar retaliação.

"Mesmo com a soja brasileira sendo mais cara neste outono, a China está assegurando essa origem por meio do que vê como risco político nas vendas de soja/grãos nos EUA", disseram os consultores da AgResource, de Chicago.

A China prometeu comprar US$ 36,5 bilhões em produtos agrícolas dos EUA este ano, um aumento de US$ 12,5 bilhões em relação aos níveis de 2017, antes do início da guerra comercial. As compras estão atrasadas e, embora as interrupções provocadas pelo vírus na China atrapalhem a compra, a moeda fraca também tornou os produtos brasileiros mais atrativos. O real tem o pior desempenho entre principais moedas este ano, embora tenha recuperado algum terreno nas últimas duas semanas.

A maior parte da soja vendida no Brasil para a China foi para agosto e setembro, disseram as pessoas. Alguns operadores também citaram acordos para outubro. A AgResource disse que "esperava que os EUA pudessem garantir a demanda chinesa do final de agosto ao início de 2021".

"Os EUA ainda dominarão as compras da China nesse período, mas os totais serão cortados das expectativas anteriores", disseram os consultores.