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BC considera país preparado para eventual explosão de bolha imobiliária

20/03/2014 19h30

Rio de Janeiro, 20 mar (EFE).- O sistema financeiro brasileiro tem capacidade de resistir ao impacto da explosão de uma possível bolha imobiliária, indicou um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central, que admite a preocupação com a forte alta dos preços de imóveis nos últimos anos.

No Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado nesta quinta-feira, o Banco Central simulou os efeitos de uma possível queda repentina nos preços dos imóveis nos bancos brasileiros e concluiu que eles estão preparados para resistir a uma eventual crise.

A simulação foi realizada, explicou o BC, por causa da forte alta dos preços dos imóveis nos últimos anos, ao salto do crédito hipotecário e ao impacto que uma forte oscilação em baixa teria para a estabilidade financeira.

Segundo o índice FIPE-ZAP, de referência para o mercado imobiliário, apenas no Rio de Janeiro, uma das cidades em que os preços mais subiram, o valor dos imóveis à venda cresceu 246,2% entre 2008 e 2014, e o dos aluguéis 138,1%.

Alguns economistas garantem que essa alta permanecerá pelo menos até a Copa do Mundo, que acontece em junho e início de julho.

O principal temor é que, diante de uma possível forte queda, os compradores suspendam os pagamentos e, em consequência, os bancos sofram perdas milionárias com créditos de cobrança duvidosa, como aconteceu nos últimos anos nos Estados Unidos e na Espanha.

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, explicou que a simulação foi feita com base nos dados de queda dos preços dos imóveis nos Estados Unidos durante a crise de 2008, de 33%.

O estudo concluiu que, apesar de em tempos de normalidade o valor de venda do imóvel em um leilão cobrir quase a totalidade do empréstimo concedido, em uma eventual crise a instituição financeira brasileira poderá recuperar até 70% do crédito com uma queda do valor de até 33%.

O BC considera que um banco brasileiro pode chegar à insolvência apenas caso a queda do preço do imóvel ultrapasse os 55%, o que não aconteceu em outros países.

Segundo o relatório, os bancos poderiam ter problemas para cumprir as exigências do Banco Central se a redução de preços for de mais de 45%.

Uma das principais vantagens dos bancos brasileiros para o BC é o país oferecer crédito para os imóveis, mas não financiar a totalidade do valor, além de ter provisões realistas para empréstimos de pagamento duvidoso e que a capitalização do sistema financeiro está em níveis elevados.

Apesar da preocupação, Meirelles descartou que o Brasil esteja vivendo uma bolha imobiliária e afirmou que também não há indícios que indiquem oscilações bruscas de preços.

O funcionário explicou ainda que a bolha surge quando os preços dos ativos sobem sem nenhuma justificativa econômica e segundo ele, as altas dos valores dos imóveis no Brasil acompanharam o aumento da renda da população.