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Escândalo da carne podre na China atinge mais marcas e já chega ao Japão

22/07/2014 13h22

Xangai (China), 22 jul (EFE).- O escândalo sobre a segurança alimentar que explodiu na China em torno da Husi Food de Xangai, empresa fornecedora de carne para várias redes de fast-food, já afeta cadeias como McDonalds, KFC, Pizza Hut, Starbucks, Burger King, a chinesa Dicos, e chegou ao Japão.

Essas marcas foram afetadas pela venda de carne fresca misturada à carne vencida da Husi e, por isso, as instalações da fábrica foram fechadas pelas autoridades para investigação e os produtos começaram a ser retirados das lojas por todo o país asiático. O McDonald's, por exemplo, também está retirando alimentos no Japão, já que acredita que 20% das tirinhas de frango empanado, os McNuggets, comercializados no país são da Husi.

A Husi foi acusada no domingo passado, em um programa da televisão chinesa "Dragon TV", de alcance nacional, de vender carne em mal estado, depois de ter falsificado sistematicamente a data de validade de parte da carne vendida a essas redes de fast-food. Novas compras na Husi já estão suspensas.

As autoridades locais, que só foram autorizadas a entrar na fábrica no domingo à noite, após chamar à polícia para permitir o acesso, lacraram o local e começaram a investigar o caso, segundo disse à Agência Efe um funcionário da Administração de Alimentos e Remédios do governo de Xangai. O equivalente nacional desse organismo publicou hoje um comunicado adicional para confirmar que examinará também as instalações da Husi em outras cinco províncias, e que qualquer violação será "castigada severamente".

Hoje, a "Dragon TV" exibiu parte do interrogatório entre os investigadores oficiais e um diretor de controle de qualidade da Husi. Nele, o diretor confessa diante das câmaras que executivos da sua empresa "de nível superior ao diretor da fábrica" autorizaram os funcionários a utilizar "partes de carnes vencidas", e que isso foi feito "durante anos". Embora tenha dito não se lembrar desde quando tal prática era mantida, ele admitiu que a política da empresa permite acrescentar matérias-primas vencidas para produzir carnes de hambúrguer.

A reportagem da "Dragon TV", feito a partir de uma câmera escondida e com jornalistas infiltrados, mostra que uma prática parecida era feita com os McNuggets, do McDonalds, e com produtos similares que a Husi vendia para outras marcas. O programa mostrou ainda como os funcionários da fábrica utilizavam conscientemente carne de frango com cerca de meio mês de vencimento.

"As partes fora da data de validade foram enviadas à linha de produção, esmagadas e misturadas por grandes máquinas. Depois, essas peles e peito de frango foram recobertos com três camadas de extrato de damasco e fritos em óleo a 200 graus centígrados. Ou seja: para os consumidores, ela tem boa aparência, mas não se sabe como foi fabricada", explicava a reportagem.

A "Dragon TV" mostrou, além disso, como os funcionários pegavam a carne que caia no chão e a devolviam à máquina de processamento, e como os pedaços de frango descartados pelos controles rotineiros das autoridades eram reprocessados várias vezes até que superavam o controle.

As redes de fast-food já se desculparam através de diferentes comunicados públicos nas últimas horas, assim como a matriz da Husi, do Grupo OSI, um conglomerado de processamento de alimentos com sede em Aurora (Illinois, nos Estados Unidos).

A OSI manifestou que seus executivos estão chocados com a notícia, e que estão atuando "de maneira direta e rápida", com uma equipe de investigação própria que está "cooperando totalmente" com as autoridades chinesas.

"A gestão de nossa companhia acredita que este é um evento isolado, mas assume a total responsabilidade pela situação e tomará as medidas apropriadas de maneira rápida e exaustiva. Temos tolerância zero para qualquer ação que ponha em risco a segurança alimentar", acrescentou o texto. A Husi processa 25 mil toneladas de alimentos por ano.

A falta de segurança dos alimentos é um dos graves problemas que afeta à China, onde irregularidades deste tipo se acumulam enquanto cresce a preocupação da sociedade, cansada de não encontrar alimentos seguros dos mais básicos como o leite até, agora, os de restaurantes estrangeiros. Um caso parecido afetou o KFC de Xangai, em 2012, que vendeu com total conhecimento carne de frango com excessivos níveis de antibióticos durante dois anos.