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Sindicatos opositores da Argentina iniciam greve de 36 horas contra governo

27/08/2014 19h35

Buenos Aires, 27 ago (EFE).- Os sindicatos opositores, com o apoio de movimentos de esquerda e setores rurais, começaram nesta quarta-feira na Argentina uma greve de 36 horas em rejeição às políticas do governo, que considera que se trata de um protesto "político".

A medida de força foi iniciada pela ala opositora da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), que reúne sindicatos de funcionários públicos e terminará amanhã a meia-noite. O setor opositor da Confederação Geral do Trabalho (CGT), que reúne, entre outros, poderosos sindicatos do transporte, se somará amanhã ao protesto com uma greve de 24 horas.

Ambas as centrais convocaram à greve para reivindicar, entre outras demandas, a reabertura das negociações salariais, devido à alta inflação e a modificação do imposto que pesa sobre os salários. A medida, no entanto, já afetou serviços públicos, como hospitais, escolas e tribunais, mas nesta quinta-feira várias outras atividades serão alteradas.

As associações agrupadas na CTA opositora, junto a forças de esquerda, como o Partido Operário, que apoiam o protesto, fizeram uma passeata hoje saindo da Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, e indo até o parlamento.

"Será uma greve com muita adesão. Há um desejo muito grande de demonstrar perante as autoridades que as pessoas estão esgotadas e pedindo respostas", disse o líder da ala opositora do CGT, Hugo Moyano, antigo aliado da presidente Cristina Kirchner e agora um de seus principais rivais políticos.

Em entrevista coletiva, Moyano disse que não concorda com as mobilizações e os bloqueios que serão feitos amanhã, porque eles darão argumentos ao governo, que poderia dizer depois que as pessoas não podem ir trabalhar pelas interrupções do trânsito. No entanto, admitiu que há sindicatos no interior do país que se mobilizarão e grupos de esquerda que poderiam fazer bloqueios de ruas.

O chefe de gabinete argentino, Jorge Capitanich, acusou os sindicatos de realizar uma greve geral "de natureza política" e garantiu que as interrupções convocadas para hoje e amanhã "são funcionais à estratégia dos 'fundos abutres'" que litigam contra a Argentina em tribunais de Nova York pela dívida não paga.

"Não há qualquer dúvida que esta é uma greve política de caráter opositor. Grande parte destes sindicalistas faz parte de alinhamentos políticos e me parece bem que o façam, mas para isso tem as eleições em 2015", disse Capitanich em entrevista coletiva.

O chefe de ministros argentino questionou os bloqueios de ruas e estradas e assinalou que "mostram a fraqueza dos que querem se fazer sentir".

Embora o sindicato dos motoristas de ônibus e o dos taxistas não tenham se somado à greve, o transporte público complicará amanhã, pois os maquinistas dos trens, assim como alguns funcionários do metrô, comissários de bordo e técnicos aeronáuticos não vão trabalhar. Também não haverá transporte de carga, serviços bancários, gastronômicos, portuários nem venda de combustíveis, setores cujos sindicatos aderiram ao protesto.

A Federação Agrária Argentina também aderiu ao movimento e propôs aos agricultores não comercializarem seus produtos nesta quinta-feira.

Conforme dados divulgados na semana passada pelo Instituto de Estatísticas da Argentina, a taxa de desemprego está no segundo trimestre do ano em 7,5%, 0,3 pontos percentuais mais que no mesmo período de 2013. Apesar de o indicador estar longe do pico de 24,1% registrado durante a crise de 2001-2002, ele reflete um avanço do desemprego pelo segundo trimestre consecutivo e o nível mais alto desde o primeiro trimestre de 2013.

Os dados oficiais de desemprego não refletem outras problemáticas que afetam o mercado de trabalho, como as suspensões que começaram a ser sentidas com força na indústria automotiva e agora começam a afetar outros setores manufatureiros.