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Desafio do futuro presidente do Brasil será resolver a situação econômica

22/09/2014 16h19

Rio de Janeiro, 22 set (EFE).- O maior desafio do vencedor das eleições presidenciais de outubro no Brasil será resolver a difícil situação econômica do Brasil, avaliaram economistas que participaram nesta segunda-feira do seminário Cenários Pós-Eleições no Rio de Janeiro.

Com o país tecnicamente em recessão após acumular dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, a inflação quase no limite máximo definido pelo Banco Central e as despesas do governo em níveis elevados devido aos estímulos oferecidos para incentivar a produção, a herança que será recebida pelo novo líder não será das melhores, afirmaram os participantes do fórum.

O Brasil irá às urnas no próximo dia 5 de outubro, embora as pesquisas apontem que o pleito só será decidido em segundo turno no dia 26 do mesmo mês. A atual presidente, Dilma Rousseff, está empatada com a ambientalista Marina Silva com 43% das intenções de voto.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, um dos primeiros a discursar, admitiu que o "aumento dos investimentos em infraestruturas, uma reforma tributária e uma melhora na qualificação da mão de obra" são os pilares básicos para que a economia brasileira volte a crescer.

Além de citar mudanças na política econômica do governo no caso da reeleição de Dilma, Holland vinculou a atual desaceleração do país à crise que ainda afeta algumas das principais economias mundiais.

Outro dos participantes do debate, o economista Samuel Pessoa, membro da equipe do candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, discordou de Holland e rejeitou a tese de que a delicada situação do país obedeça à crise internacional.

Segundo Pessoa, com uma desaceleração "muito mais anunciada" que a de outros países latino-americanos e com a economia já retomando o crescimento nos países desenvolvidos, não se pode atribuir o momento ruim do Brasil à crise internacional.

O economista atribuiu as dificuldades ao que chamou de dívida do "contrato social da redemocratização", firmado ao estilo "europeu" e que gerou um crescimento baixo por elevar a carga tributária dos contribuintes. Pessoa também disse que a economia brasileira continua sendo uma das "mais fechadas" da região.

Holland respondeu afirmando que "metade do investimento direto no país" procede do exterior. Entre os investidores estariam países como a Espanha, bastante afetada pela crise.

A necessidade de dar autonomia ao Banco Central para estimular a economia foi defendida pelo economista Marco Bonomo, membro da campanha da candidata Marina Silva.

Em seu discurso, Bonomo listou os benefícios de sua proposta citando como exemplo a União Europeia e os Estados Unidos, embora tenha destacado que tudo dependeria do modo como a mudança seria executada. Ele citou o Banco Central da Argentina como modelo negativo devido aos problemas com o pagamento da dívida.

Os analistas do mercado financeiro voltaram a reduzir hoje as projeções para o crescimento do Brasil, apontando uma alta de apenas 0,30% contra os 0,33% estimados até a semana passada.