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Evo Morales afirma que "o pior pecado da humanidade é o capitalismo"

30/10/2014 16h45

Roma, 30 out (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quinta-feira em Roma que "o pior pecado da humanidade é o capitalismo", um modelo que, segundo ele, favorece "crise alimentares e financeiras" e que não erradica a fome por causa da sua "ânsia de lucro".

Morales visitou hoje a sede da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) em Roma, onde presidiu a conferência "Diálogo sobre Nutrição", organizada pelo G-77.

Em sua intervenção, Morales afirmou que "a fome é uma violação à vida humana" e que "os alimentos não são mercadorias, mas resultado da mãe terra".

"Às vezes falamos somente dos direitos humanos como os contrários à violência, mas o verdadeiro direito humano é uma boa alimentação", ressaltou Morales, para o que, explicou, são necessárias terra, água e energia.

Ele reivindicou o direito de todas as pessoas de "terem alimentos saudáveis e nutritivos, o direito fundamental de não passar fome, para conservar a capacidade física e mental".

"Um mundo digno é um mundo sem fome", afirmou, e pediu "todos os esforços" em nível internacional para satisfazer as necessidades alimentares e "erradicar a fome, a desnutrição e a desnutrição".

Morales lembrou que há 800 milhões de pessoas no mundo subalimentadas e desnutridas e que "24 mil pessoas morrem de fome por dia", 16% do total das mortes que acontecem diariamente no mundo, e queque são, em sua maioria, "de crianças de menos de cinco meses".

Ele destacou que a segurança alimentar e a nutrição são indispensáveis para alcançar um desenvolvimento sustentável e destacou que "os países em desenvolvimento são mais vulneráveis à mudança climática".

"Não permitir que os alimentos modificados geneticamente se generalizem é prioritário para salvar o planeta", defendeu Morales, para quem é fundamental "construir uma comunidade de alimentos que respeite a mãe terra, para alimentar bem e viver bem".

Morales, que se definiu como "pequeno agricultor, e agora presidente", repassou algumas das medidas que impulsionou para apoiar as atividades agropecuárias da Bolívia, e destacou créditos com baixas taxas de juros e doações aos pequenos produtores.

"O estado põe de 70% a 80% do investimento e, com pouco dinheiro, cria uma oportunidade às famílias para que possam melhorar", explicou.

O "grande problema da Bolívia", assinalou, é a falta de água, tanto potável como para o gado, e defendeu que "dotar água potável é como dotar saúde".

Morales defendeu que a água se torne "um direito fundamental" e disse que "um governo que privatiza a água não está respeitando um direito individual e coletivo".

Ele ainda defendeu que o estado tenha assumido o controle sobre a alimentação na Bolívia e justificou: "se sobra, exportamos, se não sobra, não exportamos", o que, disse, tem o objetivo de garantir o abastecimento contra o "interesse político".

Desde que chegou à presidência da Bolívia, Evo afirmou que houve uma "revolução agrícola" e que conseguiu realizar a redistribuição da terra.

"Já não há grandes latifundiários", afirmou ao destacar que "quase a metade das terras" pertencem a mulheres, o que antes era proibido.

Também comentou que seu país tem um problema com o trigo, cereal que os "Estados Unidos e Canadá doavam à Bolívia", mas que, desde que foi eleito presidente, em 2006, "nem sequer nos vendem", um problema que foi diminuído pela "solidariedade da presidente argentina", Cristina Kirchner.

"Agora sou inimigo das doações de alimentos porque depender de outros países é grave, conspiram e te manipulam, como vimos com os EUA", ressaltou.