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Economia brasileira cresceu 0,1% em 2014

27/03/2015 10h17

Rio de Janeiro, 27 mar (EFE).- O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu no ano passado apenas 0,1% em relação a 2013, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado, no entanto, representou um alívio para o governo, pois as projeções indicavam números piores. Para este ano, analistas do mercado esperam uma recessão de 0,83%.

O leve crescimento de 2014, apesar disso, confirmou a estagnação de uma economia que tinha crescido 2,7% em 2013 -segundo os dados revisados divulgados hoje- e após ter crescido 1% em 2012.

De acordo com o IBGE, a soma de toda a produção brasileira no ano passado em valores correntes chegou a R$ 5,52 trilhões e o PIB per capita foi de R$ 27.229, queda de 0,7% frente a 2013.

Segundo o organismo, a economia cresceu 0,3% no quarto trimestre do ano passado com relação ao terceiro, quando tinha se expandido apenas 0,2% em relação ao segundo.

Na comparação com o quarto trimestre de 2013, a economia encolheu 0,2% nos últimos três meses do ano passado, um resultado melhor que o do terceiro trimestre, quando a contração foi de 0,6% na comparação com o mesmo período de 2013.

A estagnação da economia em 2014 foi provocada principalmente pelo resultado ruim da indústria, cuja produção encolheu 1,2% no ano passado, enquanto a agropecuária cresceu 0,4% e o setor de serviços 0,7%.

Para o fraco desempenho da indústria contribuiu especialmente a queda de 3,8% na produção das fábricas, principalmente do setor automotivo, e a contração de 2,6% no setor de construção civil e energia e água, afetado pela grave seca que reduziu a produção nas hidrelétricas e obrigou ao governo a aumentar o uso das termoeléctricas.

O encolhimento foi balanceado pelo crescimento de 8,7% no setor de extração mineral, graças principalmente à maior produção de petróleo, gás natural e ferro.

O leve crescimento da economia foi impulsionado principalmente pelo setor agropecuário, que se expandiu 0,4% devido a uma maior produção de alimentos como soja (5,8%) e mandioca (8,8%).

Apesar do resultado, que consolidou o Brasil como um dos maiores produtores mundiais de alimentos, o setor foi afetado pela queda da produção de alguns cultivos, como cana-de- açúcar (-6,7%), café (-7,3%) e laranja (-8,8%).

Segundo o organismo oficial, o fraco rendimento da economia brasileira no ano passado também foi provocado pela queda de 4,4% do investimento produtivo, causada principalmente pela redução da produção interna e da importação de bens de capital.

O consumo das famílias, que durante muitos anos foi o principal motor da economia brasileira, cresceu apenas 0,9% em 2014, após ter se expandido 2,9% em 2013.

As baixas taxas de crescimento da economia nos quatro anos do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (3,9% em 2011, 1% em 2012, 2,7% em 2013 e 0,1% em 2014) contrastam com a forte expansão do 7,6% atingida pelo Brasil em 2010, último ano de gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.

O segundo mandato de Dilma começará com resultados piores, já que os economistas preveem para 2015 uma contração de 0,83% e o Banco Central projeta uma queda de 0,5%.

Esse resultado será provocado em parte pelo ajuste fiscal anunciado no início de ano pelo governo, com um aumento dos impostos e a redução dos gastos públicos, para fazer frente à atual crise.

Além da estagnação econômica, as contas públicas registraram um déficit histórico em 2014; a taxa básica de juros chegou ao seu maior nível em seis anos (12,75%); a inflação anualizada subiu até o maior nível da última década (7,7%); e o real se depreciou mais de 20% desde o início de 2015 e na semana passada chegou a cair a seu menor valor em doze anos.