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Investidores acreditam que Petrobras superará desafios a curto prazo

16/04/2015 18h58

São Paulo, 16 abr (EFE).- Um grupo de representantes de bancos e fundos de investimento reunido nesta quinta-feira em São Paulo expressou sua confiança de que a Petrobras, que enfrenta um grande escândalo de corrupção, superará os desafios a curto prazo e se tornará novamente uma companhia atrativa.

"Há uma grande exposição e desafios a curto prazo. A corrupção é um desafio maior que o dos números da empresa. Mas existe ainda um grande potencial na Petrobras", disse Mauricio Marcellini, diretor de Investimentos do Fundo de Pensão de Funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef).

Marcellini, que participou do primeiro debate do 13º Fórum Brasileiro de Investidores e Emissores, organizado pela revista financeira americana LatinFinance, comentou que a Petrobras passa por "um momento de transição e ajuste", e que se tornará "atrativa para fundos de investimento" quando "superar turbulências de curto prazo".

Na mesma linha, Christopher Meyn, diretor de Investimentos e gerente de Capital de Investimento da Gavea Investimentos, afirmou que os "desafios a curto prazo" da Petrobras passam também pelo "ajuste fiscal" interno da estatal, "venda de ativos" e, só depois, "restabelecer seu plano de investimentos".

A perda de credibilidade devido à corrupção causou grandes problemas para a empresa captar fundos no exterior, por isso ele se viu obrigada a reduzir ao mínimo seus investimentos para os próximos anos e buscar alternativas para financiar suas operações.

O restabelecimento do plano de investimentos, de acordo com Meyn, ajudará a evitar o "atraso" de projetos de infraestrutura que antes tinham sido contemplados no cronograma de ações da Petrobras.

De acordo com Martin Escobari, diretor-gerente para a América Latina do fundo americano General Atlantic, quando as investigações sobre as irregularidades na companhia terminarem, "o futuro será mais limpo, com mudanças positivas graças ao escândalo do petrolão".

Na abertura do seminário, conduzido por Christopher Garnett, presidente da publicação americana, foram abordados também os desafios do setor de fundos de investimentos para os próximos anos no Brasil, que segundo projeções oficiais terá em 2015 uma recessão de 0,9%.

Para Felipe Hirai, analista de Estratégia de Capital para a América Latina do Bank of América Merrill Lynch, o Brasil apresenta "um panorama desafiante", mas que abre espaço para "a atuação dos bancos privados".

No entanto, Hirai advertiu sobre a "preocupação" com a baixa dos índices de consumo, o aumento da inadimplência, os riscos pela inflação acima do teto máximo oficial (6,5%) e a desvalorização do real.

Para o diretor-gerente do francês BNP Paribas, Rodrigo Fittipaldi, a decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de reduzir suas linhas de crédito "são dinâmicas" para o mercado e incidirá no "aumento de liquidez".

"É uma boa notícia porque o BNDES está deixando funcionar para o mercado por si só, sem que as pessoas tenham que recorrer sempre a ele", disse.

Os participantes do painel coincidiram também em que um dos setores com maior potencial para receber investimento é o da saúde privada.