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À espera de acordo, Grécia consegue alívio com emissão de letras do Tesouro

10/06/2015 09h55

Atenas, 10 jun (EFE).- Cada vez mais perto da asfixia e após atrasar pagamentos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), a Grécia conseguiu nesta quarta-feira um pequeno alívio ao poder se refinanciar no mercado secundário, ação que coincidiu com uma nova tentativa do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, de dar um empurrão nas negociações com os credores internacionais.

O Tesouro da Grécia emitiu hoje letras a três e seis meses a juros de 2,70% e 2,97%, respectivamente, o mesmo nível de leilões realizados anteriormente. Segundo a Gestão da Dívida Pública da Grécia (PDMA), foram colocados 1,3 bilhão de euros a três meses e 1,625 bilhão de euros a seis meses.

As letras do Tesouro constituem junto ao mecanismo de assistência do Banco Central Europeu (BCE) as únicas ferramentas com as quais a Grécia consegue nesse momento se financiar.

O país tem um teto de emissão de 15 bilhões de euros em letras do Tesouro, atingido no ano passado, e por isso só pode colocar no mercado a mesma quantidade de títulos que estão vencendo.

Um dos pedidos do governo de Alexis Tsipras é poder aumentar esse teto para ter uma maior liquidez nos mercados. A requisição foi feita em um dos textos adicionais entregues aos credores internacionais (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI) como complemento de sua proposta de reformas entregue na última semana.

As regras do BCE, no entanto, determinam que isso só é possível se a Grécia aplicar as medidas do programa de resgate, atualmente bloqueadas.

À espera a confirmação oficial da reunião entre Tsipras, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, o governo grego afirmou hoje que não recebeu resposta sobre suas novas propostas.

Enquanto fontes do governo garantem que as diferenças ainda existentes podem ser superadas, os comentários em Bruxelas foram menos otimistas. A Comissão Europeia afirmou que a proposta da Grécia não reflete o que tinha sido acordado na semana passada entre o presidente da entidade, Jean-Claude Juncker, e Tsipras.

O governo grego disse que tratou de reduzir ao mínimo as diferenças com os credores internacionais e, por isso, se afastou de seus objetivos iniciais para o superávit primário do país. A meta agora é de 0,75%, maior que os 0,5% propostos no início do ano. A alta para 2016 foi de 1,5% para 1,75%.

Os credores, no entanto, exigem 1% para 2015 e 2% para 2016.

Além disso, segundo informações da imprensa local, a nova proposta do governo grego inclui uma série de medidas que se afastam claramente dos objetivos iniciais, mas que representariam um acréscimo de 730 milhões de euros de receita.

É o caso do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), que a Grécia só queria redistribuir sem promover uma alta. O governo de Tsipras tinha proposto três faixas: 6,5%, 11% e 23%. Na versão modificada, oferece subir a taxa intermediária em até 13%.

Os credores internacionais pedem que só haja dois tipos de IVA, de 11% e de 23%, além de exigirem que seja cobrado o imposto máximo sobre a energia, algo que Tsipras considerou como "inaceitável".

Sobre a previdência, a equipe do governo teria oferecido reduzir as pensões suplementares superiores a 300 euros mensais e aumentar as cotações dos aposentados ao seguro médico.

No total, as medidas propostas por Atenas somariam em torno de 2,6 bilhões de euros, enquanto os credores pedem 3,5 bilhões de euros.