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Google aposta nas imagens via satélite para combater degradação ambiental

30/07/2015 15h21

Roma, 30 jul (EFE).- A luta contra o desmatamento, a malária e a pesca ilegal encontrou um novo aliado com o estudo das imagens via satélite, que organizações como o Google estão impulsionando em colaboração com ONGs, universidades e outras instituições.

O responsável do Google Earth Engine, a plataforma de processamento de imagens via satélite da companhia, Dave Thau, explicou nesta quinta-feira na sede da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, sigla em inglês), em Roma, como acontece a conversão dos dados dos satélites em mapas que os cientistas podem analisar para enfrentar os problemas ambientais.

A principal dificuldade deste trabalho consiste em acessar de forma livre os dados do planeta, que são oferecidos por diferentes satélites, e destinar recursos de computação suficientes para armazenar milhões de imagens.

Com a fragmentação das imagens de um terreno em várias partes, e inserindo os pixels de outras fotos tiradas anteriormente nesse mesmo local, é possível eliminar, por exemplo, as nuvens que impedem uma visão completa da superfície da Terra, comentou Thau.

Dessa forma, acrescentou responsável do Google Earth Engine, foi possível descobrir fenômenos ocorridos nos últimos 30 anos como o efeito do desmatamento na Mongólia e o crescimento urbano das cidades do Texas, nos Estados Unidos.

Com a contribuição de pesquisadores, ONGs e outros atores, foram lançadas algumas iniciativas que permitem, por exemplo, observar por zonas os pontos de maior seca, a utilização agrícola da água e as terras cultiváveis.

Por enquanto, o grau de precisão dos dados é maior em zonas limitadas, como um bairro de uma área residencial, e menor em projetos em grande escala, comentou Thau.

O que dificilmente se vê na superfície pode aparecer com mais clareza através da ordenação global de dados. Assim, um projeto do Google com a Universidade da Califórnia, em San Francisco, elaborou um mapa da incidência de malária na Suazilândia.

Segundo o diretor da equipe dedicada a desenvolver a infraestrutura do Google para assuntos humanitários, Brian Sullivan, os dados disponíveis dos casos diagnosticados foram cruzados com informações sobre as condições ambientais em que vivem os mosquitos portadores do parasita causador da doença com o objetivo de localizar os pontos de maior risco e que, portanto, necessitam de ação prioritária.

Além disso, Sullivan destacou o trabalho realizado com os indígenas da tribo Suruí no Brasil, que vivem na reserva indígena Sete de Setembro, na divisa entre os Estados de Rondônia e Acre, para assegurar, através do uso de imagens via satélite, que suas terras estão protegidas.

Nesse sentido, o diretor da companhia disse que a maior vigilância ambiental permitiu ao povo Suruí evitar o desmatamento de mais de 500 hectares de floresta.

"A ideia é oferecer ferramentas para que seja possível controlar as atividades econômicas", insistiu Sullivan, que mencionou também a possibilidade de visualizar a concentração da exploração pesqueira no Oceano Pacífico, seguindo o movimento dos navios.

Com o rastreamento via satélite de atividades como a pesca ilegal, que são normalmente difíceis de se controlar, é possível, em seguida, tomar medidas de pressão para preservar os mares, indicou o diretor do Google.

O responsável de Florestas da FAO, o italiano Danilo Mollicone, disse, por sua vez, que, desde o ano passado, foram disponibilizadas ferramentas de acesso aberto para o público para coleta e análise de dados.

Países como Brasil e Argentina já estão usando essa tecnologia, da mesma forma que mais de 700 pessoas no mundo todo, e a FAO está colaborando para se conseguir o melhor rendimento de programas como o Google Earth.