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Economia colaborativa revoluciona Amsterdã

22/08/2015 11h17

María López Fontanals.

Roterdã (Holanda), 22 ago (EFE).- A economia colaborativa é um conceito que está cada vez mais na moda no mundo todo e agora Amsterdã foi nomeada a primeira cidade colaborativa da Europa, depois de várias iniciativas, coletivas e empresariais, evidenciarem o interesse por este novo fenômeno econômico.

"A ideia é transformar Amsterdã em uma cidade colaborativa e utilizar as possibilidades que esta nova modalidade econômica oferece nas áreas de sustentabilidade, coesão social e economia e, por sua vez, formular as respostas aos desafios que este fenômeno apresenta", explicou à Agência Efe o cofundador da iniciativa social SharingNL, Harmen Van Sprang.

SharingNL foi a plataforma encarregada de promover a cultura de compartilhar na capital holandesa, iniciativa promovida pelo próprio governo municipal.

Com o desafio de adaptar o sistema econômico tradicional ao novo panorama global, SharingNL começou em 2013 redigindo um plano sobre como desenvolver um sistema de economia colaborativa na cidade e hoje trabalham em um livro, organizam várias atividades e encontros e assessoram companhias e empresas emergentes a se adaptarem a este novo sistema.

Além disso, criaram uma rede de embaixadores para promover este fenômeno, entre eles a própria prefeitura, o aeroporto de Schiphol e a biblioteca pública, com a qual estão organizando ciclos para ensinar os cidadãos a se envolverem na economia colaborativa.

Um estudo realizado em 2013 pelo cofundador da plataforma SharingNL, Pieter Van de Glind, que foi um dos germes deste movimento "imparável" na capital holandesa, revelou que 84% dos cidadãos entrevistados estariam dispostos a fazer parte de algum tipo de consumo colaborativo.

Segundo assinalou Van Sprang, os principais fatores levados em conta foram o social - o fato de ajudar outras pessoas no bairro, o caráter sustentável das iniciativas de consumo colaborativo - e o tema financeiro, já que "este tipo de prática melhora a economia pessoal".

Uma tendência que hoje envolve setores muito diferentes, desde alojamento, turismo, transporte e educação, e que representa cada vez mais uma oportunidade tanto para empresas como consumidores.

De fato, surgiram empresas tão diversas como Peerby, um aplicativo no qual vizinhos emprestam objetos uns aos outros; Konnektid, que põe em contato cidadãos que querem ensinar com os que querem aprender; Rewear, uma plataforma de aluguel de peças (de roupa) e acessórios, e Floow2, um mercado de troca de equipamentos comerciais, entre muitos outros.

Para o fundador do Konnektid, Michel Visser, o sucesso de sua plataforma, que conta com mais de 10 mil usuários e está presente em 30 países, "é que funciona sob demanda e é descentralizada".

Para a criadora do Rewear, Marloes Pomp, sua iniciativa "permite tirar proveito de roupas e acessórios que não costumamos usar e ganhar um dinheiro extra, mas também investir em artesanato e peças de design para romper o ciclo da produção em massa e o consumismo".

A economia e o consumo colaborativo são fenômenos mundiais crescentes que promovem o compartilhar em vez de possuir, e aumentam o valor da experiência em relação ao da posse de bens, segundo seus defensores.

A modalidade foi bastante motivada pela crise financeira mundial, pela maior preocupação com os problemas ambientais e com a sustentabilidade, o desenvolvimento da internet e das redes sociais, além da revalorização do conceito de comunidade.

Em Amsterdã, assim como em outras cidades como Seul, Barcelona e Bristol (no Reino Unido), "este movimento está se desenvolvendo com força e, em vez de ignorá-lo, devemos impulsioná-lo", destacou Van Sprang.

"Vemos que a cidade de Amsterdã tem muitas oportunidades com o movimento da economia colaborativa; de fato, a ideia de bloquear esta nova economia é antiquada", comentou à Efe a diretora do programa de inovação municipal, Femke Haccou.

Para Haccou, é importante a "atitude aberta com relação à economia colaborativa" de políticos como a prefeita da cidade, Kajsa Ollongren, porque "se trata de estar alerta para que modelos obsoletos não bloqueiem os novos", mas reconheceu que "é preciso ser justo e encontrar um equilíbrio entre os modelos tradicionais e os emergentes".