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Assembleia anual do FMI volta a uma América Latina em brusca desaceleração

03/10/2015 11h56

Alfonso Fernández.

Washington, 3 out (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) volta à América Latina para celebrar sua assembleia anual em um momento de "brusco arrefecimento" e sombras sobre seu futuro econômico, quase cinco décadas depois da última assembleia anual do organismo realizada na região, no Brasil em 1967.

Após uma década de otimismo e conquistas indubitáveis, especialmente com a saída de milhões de cidadãos da pobreza e sua entrada na classe média, as incertezas sobre o crescimento da região diante da redução do ritmo de crescimento da China e da queda dos preços das matérias-primas aumentaram.

"Este é um tema de grande preocupação. Muitos destes novos membros da classe média estão só a um salário mensal ou a uma despesa significativa de retornar à pobreza. Sua posição na classe média é frágil, no melhor dos casos", explicou à Agência Efe Eric Farnsworth, vice-presidente do centro de estudos Council of the Americas em Washington.

As últimas previsões de crescimento do Fundo, divulgadas em julho, avançavam na tendência de baixa, com uma estimativa de expansão econômica para a América Latina de apenas 0,5 % em 2015, depois dos 2,9 % de 2013 e do 1,3 % de 2014.

Esta semana, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, ressaltou que a América Latina experimentou nos últimos anos "um brusco arrefecimento", parte do processo de desaceleração dos mercados emergentes.

"As economias da região precisam recuperar o grau de credibilidade, a certeza em termos de que mudanças vão adotar, e para que tipo de diversificação querem avançar", apontou Lagarde, em referência à excessiva dependência das exportações de matérias-primas.

Uma das grandes incertezas é o Brasil, a maior economia regional, para quem o FMI já previa em julho uma contração econômica de 1,5 % este ano e que pode ser ainda maior.

De fundo, a sombra que se instaurou sobre a América Latina é a transição da China para um modelo econômico mais centrado no mercado interno, com taxas de crescimento abaixo dos 7 % anuais e cujos efeitos já estão sendo notados na queda dos preços das matérias-primas, tanto minerais como agropecuárias.

Por isso, apontou Farnsworth, a entrada da América Latina "em recessão é certamente uma possibilidade".

Outro dos grandes temas que centrarão as conversas dos delegados dos 188 países-membros é a volatilidade financeira que vivem os mercados à espera da decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, de elevar as taxas de juros de referência antes do final de ano, como parece apontar.

Lagarde qualificou este início do ajuste monetário, junto com a evolução da China, como o "grande desafio" da economia global, por suas implicações internacionais.

Os bancos centrais dos países emergentes estão encarando uma crescente pressão sobre suas divisas, cujos valores desceram notavelmente desde o começo de ano, e registrando importantes saídas de capital pela previsão da iminente alta das taxas de juros nos EUA.

Estes serão os eixos da reunião que acontecerá na capital peruana do 6 ao 11 de outubro. No mesmo momento também acontecerá um novo encontro ministerial do G20, formado pelas 20 maiores economias do planeta.