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40 mil foram demitidos na Argentina desde a posse de Macri, dizem sindicatos

Victoria Egurza/Telam/Xinhua
Imagem: Victoria Egurza/Telam/Xinhua

03/02/2016 15h05

Buenos Aires, 3 fev (EFE).- Sindicatos argentinos disseram nesta quarta-feira (3) que pelo menos 40 mil trabalhadores dos setores privado e público foram demitidos ou não tiveram seus contratos renovados desde dezembro, mês em que Mauricio Macri assumiu a presidência da Argentina.

O estudo ao qual a agência de notícias Efe teve acesso, elaborado pelo Observatório do Direito Social da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), contabilizou 19 mil despedidos ou com contratos não renovados em órgãos estatais e 22,5 mil em empresas privadas. No setor privado, quase metade das demissões foi na construção.

Para a CTA, uma das duas centrais mais importantes da Argentina, trata-se de uma "ofensiva patronal contra os trabalhadores, avalizada e impulsionada pelo governo" de Macri, que busca "reduzir substancialmente o custo da força de trabalho", apontou o relatório.

Reajuste salarial

A relação entre os sindicatos, o governo e os empresários atravessa nestas semanas momentos de especial tensão por causa do início das negociações de reajuste salarial, que acontecem anualmente para compensar a perda de poder aquisitivo pela elevada inflação no país.

Enquanto os grandes sindicatos falam de reajustes mínimos de 30% a 45%, o Executivo de Mauricio Macri ofereceu aumentos entre 20% e 25%, já que estimam que a inflação - baseada nos dados oficiais de outubro - poderá alcançar esses números em 2016.

Os sindicatos, no entanto, consideram que essa faixa já parece "mais do que improvável" a esta altura do ano, dadas as grandes altas nos preços sentidas nas compras nas últimas semanas, reconhecidas em alguns casos inclusive pelo governo, e as medidas econômicas aplicadas por Macri, como o fim dos subsídios à energia elétrica.

Ameaça de demissão

Neste cenário, a CTA sustentou que a ameaça de demissão tem sido usada como arma para aplacar as reivindicações dos trabalhadores.

"Tratam-se de ações dos empregadores em dois processos paralelos: as demissões que afetam milhares de trabalhadores, suas famílias; e ao mesmo tempo um efeito sobre o conjunto dos trabalhadores que tem a ver com gerar o medo do desemprego como forma de debilitar a ação coletiva", sustentou Luis Campos, coordenador do Observatório.

"É de esperar que as organizações sindicais respondam a este conflito possivelmente com ações nos postos de trabalho, de forma descentralizada, mas é possível prever ações coletivas centralizadas nas próximas semanas", prosseguiu.

O Observatório advertiu que o relatório não representa uma "sistematização exaustiva", já que se tratam dos casos dos quais tiveram conhecimento desde o mês de dezembro, e que alguns deles "foram revertidos em consequência da ação coletiva dos trabalhadores".

No entanto, embora não maneje um número concreto, a CTA indicou à Efe que as situações em que as demissões foram evitadas foram minoria.

"A maioria são casos onde se abriram instâncias de negociação, mas de maneira nenhuma podemos dizer que esses postos de trabalho foram salvos", especificou Campos.

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