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Fed prepara-se para reunião pautada por fragilidade global e melhoria nos EUA

13/03/2016 16h15

Alfonso Fernández.

Washington, 13 mar (EFE).- O Federal Reserve (Fed) prepara-se para uma nova reunião sobre política monetária nesta semana, na qual não se espera uma nova alta dos juros devido ao enfraquecimento da economia global, mas sim o compromisso de manter o ajuste gradual ao longo do ano em consonância com os positivos dados econômicos nos Estados Unidos.

O encontro de dois dias de duração do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), órgão que dirige a política monetária do país, acontecerá na terça e na quarta-feira, e em seu final a presidente do Fed (banco central americano), Janet Yellen, oferecerá uma entrevista coletiva.

Os últimos indicadores sobre a economia americana apontam uma consolidação da melhoria no mercado de trabalho, com uma sólida criação de empregos em fevereiro e uma taxa de desemprego de 4,9%, níveis inéditos nos EUA desde 2008, assim como uma leve alta das expectativas de inflação.

Igualmente, a mais recente estimativa de crescimento, o segundo cálculo do último trimestre de 2015, mostrou uma taxa anualizada de expansão de 1%, acima do 0,7% calculado anteriormente.

Estas boas perspectivas domésticas contrastam, no entanto, com um panorama internacional mais complexo e sombrio, afetado pela queda na demanda global, o processo de transição na economia da China e a volatilidade financeira, especialmente nos mercados emergentes.

Neste sentido, o número dois do Fundo Monetário Internacional (FMI), David Lipton, reiterou na quarta-feira que os riscos de piora são agora "mais acentuados", e alertou para a possibilidade de que a economia global caia em deflação, arrastada pela menor demanda e os baixos preços da energia.

Nesta semana puderam ser ouvidas em Washington duas das correntes que marcarão as deliberações internas na sede do Fed na capital americana.

Por um lado, Stanley Fischer, vice-presidente do banco central, afirmou em uma conferência na segunda-feira que pode estar havendo "os primeiros indícios de um aumento da inflação", ao afirmar que os EUA estão "perto do pleno emprego".

No relatório de janeiro, o índice de preços ao consumidor (IPC) se manteve estável, mas os aumentos em setores como habitação e cuidados médicos indicam que as pressões inflacionárias estão em alta apesar do empecilho do barateamento da gasolina.

A inflação anualizada está abaixo da metad do Fed de 2% durante 45 meses consecutivos, segundo os dados do Departamento de Comércio.

Por outro, Lael Brainard, membro do Fomc, advertiu em discurso que o arrefecimento global facilita apostar "na paciência até que as perspectivas se esclareçam mais".

Em geral, os economistas esperam que o Fed volte a subir as taxas de juros em junho, enquanto em dezembro seus membros pensavam que isso aconteceria em março, e argumentam para este atraso as crescentes dúvidas sobre a economia global.

A estimativa atual aponta para duas altas de 0,25% em 2016, frente à anterior previsão de três incrementos.

"Duvido que vejamos quatro altas de juros. Duas são prováveis, se não menos. O Fed apontou que agora é refém dos eventos internacionais", disse Mohammed El-Erian, economista-chefe da Allianz, em um recente fórum em Washington.

A alta das taxas de juros em dezembro de 2015 foi a primeira por parte do banco central americano em quase uma década, e analistas se mostram preocupados com os efeitos que o ajuste nos EUA possa gerar em bancos centrais como o europeu e o japonês.

Além do comunicado sobre política monetária, o Fed também atualizará na quarta-feira suas projeções macroeconômicas, que em dezembro indicaram uma expansão de 2,4% e uma taxa de desemprego de 4,7% para o fechamento deste ano.