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BID inicia etapa focada na luta contra mudança climática

11/04/2016 17h18

Julio César Rivas.

Nassau (Bahamas), 11 abr (EFE).- O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) inicia a partir desta segunda-feira uma nova etapa, com maior foco no meio ambiente, após a conclusão de sua assembleia anual nas Bahamas, na qual foi aprovado um maior financiamento de projetos ligados à luta contra a mudança climática.

Além disso, o BID anunciou a criação do Departamento de Mudança Climática e Sustentabilidade, que coordenará as ações da instituição nesses dois temas e terá sob sua responsabilidade o trabalho realizado em matéria de cidades, desenvolvimento rural, meio ambiente e desastres naturais.

A resolução do aumento do financiamento foi aprovada no domingo pela assembleia de representantes do BID com mais facilidade do que o esperado por alguns observadores e em cumprimento dos objetivos estabelecidos pela instituição.

O acordo determina que, daqui até 2020, o BID mais que duplicará o financiamento para projetos relacionados com a mudança climática, passando dos atuais 14% para 30%. E terão prioridade as propostas que ajudem os países do continente americano a cumprir os compromissos estabelecidos na Conferência do Clima de Paris.

A aprovação da resolução pelos países-membros é um sinal de que o continente começa a levar a sério os efeitos negativos da mudança climática na economia, algo que se intensificará no futuro.

Só a prevista elevação do nível do mar do Caribe representará graves perdas para os países da região, cujas economias dependem basicamente do turismo. Em outros, como os cortados pela Cordilheira dos Andes, o descongelamento das geleiras ameaça com inundações de curto prazo e escassez de água no futuro.

Em países como a Colômbia, a mudança do padrão das chuvas já causam grandes prejuízos econômicos, calculados em dois pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB).

A sustentabilidade também esteve presente na assembleia das Bahamas depois que os representantes dos países instruíssem o BID para que prepare uma proposta para somar os recursos do Fundo de Operações Especiais (FOE) ao capital ordinário do banco.

O FOE, com US$ 5,1 bilhões em dezembro de 2015, é fonte de financiamento para os países mais pobres e objetivo da fusão é garantir o fluxo sustentável de recursos para eles.

O BID também se mostrou sensível a assuntos atuais, como as revelações dos Panama Papers sobre paraísos fiscais e a evasão de impostos nos países da região.

O presidente do BID, Luis Alberto Moreno, citou o caso em discurso diante dos representantes dos países, na grande maioria ministros de Finanças ou Fazenda, ao destacar que a "nova cidadania da região exige uma atitude decidida contra a corrupção, a evasão de impostos e a lavagem de dinheiro".

Moreno também confirmou que o BID seguirá trabalhando com os governos da região para aumentar a transparência fiscal.

Porém, outra etapa que começa após a assembleia das Bahamas, que parece contar com um amplo apoio dos países-membros, é o papel que a instituição terá na região na próxima década. Isso foi sinalizado por meio de um pedido de um "início de conversa" sobre a estrutura do capital do BID.

A Colômbia, por exemplo, está preocupada com o fato de a estrutura anual do BID não ser capaz de enfrentar a luta contra a mudança climática na América Latina e no Caribe. Só as necessidades de investimentos na região para conter o problema estão estimadas em US$ 80 bilhões por ano a partir da próxima década, três vezes maior do que atualmente.