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Globalização perdeu o ritmo, segundo Índice Elcano de Presença Global

04/05/2016 11h36

Madri, 4 mai (EFE).- Após duas décadas de rápido crescimento, o processo de globalização está perdendo o ritmo, uma estagnação que afeta especialmente os países europeus e os emergentes, avaliou Félix Arteaga, um dos autores do índice Elcano de Presença Global, apresentado nesta quarta-feira.

A soma da presença global dos 90 países estudados cresceu apenas 0,4% entre 2014 e 2015, frente a uma média anual de 10% entre 1990 e 2012, o que indica que "o processo de globalização continua, mas está perdendo ritmo nos últimos anos", explicou Arteaga à Agência Efe.

Estados Unidos, que lideram o ranking desde 1990, continuam no topo, seguidos por China, Alemanha, Reino Unido e Rússia.

Enquanto isso, os emergentes, como o Brasil, - que eram dos que jogavam o índice para cima, lembrou Arteaga - foram muito afetados pela queda dos preços do petróleo e das matérias-primas. Além disso, Rússia, Líbia, Países Baixos, Noruega e Emirados Árabes perderam uma média de seis pontos de presença global de 2015.

"Só China e Índia continuam jogando esse índice para cima. Os outros países, sobretudo a Europa, começam a evidenciar certa estagnação", insistiu Arteaga, que é o pesquisador principal da Elcano em Segurança e Defesa.

Outro dos resultados mais destacáveis deste relatório do Real Instituto Elcano é o contínuo arrefecimento do crescimento da presença global dos países europeus, o que levou a a presença global da UE a diminuir (de 1.261 pontos em 2014 a 1.255 em 2015), o que fez os analistas deste centro considerarem que os 28 da UE deveriam atuar como um único super-Estado e não como uma soma de membros.

A questão agora é se este "paralisação é devido a situação econômica internacional ou, se ao contrário, veremos nos próximos anos um retorno a um maior protecionismo", levantou Arteaga, que pessoalmente acredita que o processo de globalização "pode se acelerar no futuro".

Um dado novo neste índice de Presença Global da Elcano é a "importância do elemento militar", devida, em parte, a "2014 e 2015 terem sido anos muito ruins, com a crise da Ucrânia, no Oriente Médio, na Síria, o Estado Islâmico, a insegurança no norte da África e as tensões no Pacífico entre China e seus vizinhos".

Isso faz com que "o elemento militar, o elemento duro da globalização, tenha adquirido mais importância", apontou Arteaga, que detectou ainda "uma certa tendência à militarização das relações internacionais".

Embora atraia muita atenção midiática por suas ações espetaculares, o terrorismo jihadista não é para Arteaga um "problema que existe para a Europa porque não afeta a economia nem a soberania dos Estados ou seu regime de liberdades".

Mas ele reconheceu que interfere quando associado a outros fenômenos de instabilidade, como o migratório, e que afeta as relações interiores de controles de fronteiras no espaço Schengen.

"O verdadeiro arco de preocupação" para Arteaga está "no norte da África". Alí é, ressaltou, "onde Europa joga seu futuro imediato".

Diante deste cenário, o pesquisador principal da Elcano em Defesa acredita que a segurança vai custar muito dinheiro nos próximos anos à UE, especialmente no que se refere a impedir atos terroristas e a radicalização, assim como em responder à pressão migratória e pela implementação de políticas de integração dos imigrantes.