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Província de Urucu faz 30 anos com exploração associada ao respeito ambiental

01/12/2016 21h13

(Atualiza com novas informações e corrige dado 12² no parágrafo)

Fernanda Russo Filomeno.

Coari (AM), 1 dez (EFE).- Localizada em meio à Floresta Amazônica, em um lugar de difícil acesso e a aproximadamente 650 km de Manaus, a Província Petrolífera de Urucu completa 30 anos com o desafio de conciliar o desenvolvimento da produção de gás e óleo leve com a biodiversidade local.

Trata-se da maior reserva provada terrestre de petróleo e gás natural do Brasil.

Atualmente, Urucu, obra da Petrobras, é vista como referência mundial de exploração e cuidado com o meio ambiente e registrou em outubro de 2016 uma produção de 35.387 barris/dia de petróleo e 13,997 milhões de metros cúbicos de gás natural, além de 890 toneladas/dia de GLP, mais conhecido como gás de cozinha.

A média anual de produção até outubro ficou em 40.449 barris/dia de petróleo, 1.119 toneladas/dia de GLP e 14,081 milhões de metros cúbicos de gás natural, números que ainda podem sofrer variações de acordo com a produção até o final do ano.

Um dos grandes desafios do projeto, que hoje em dia ocupa uma área de 332 km², equivalente a mais de 30 mil campos de futebol, é o transporte, que é feito através de gasodutos e navios que trafegam pela bacia do Solimões.

O gás natural chega até Manaus através de um gasoduto construído em 2009 em meio à mata fechada e que tem 663 km de extensão, enquanto o petróleo e o GLP são transportados por óleoduto e GLPduto até Coari - em cujos limites fica Urucu -, com cerca de 281km cada. Depois, seguem de navio até a capital do Amazonas.

A construção desses dutos, alvo de estudo da empresa durante anos, apesar do alto custo, também minimiza as chances de desastre ambiental, já que elimina grande parte do transporte feito via fluvial.

"Só o fato de tirar a navegação de balsas até Manaus correndo um grande risco de um desastre ambiental, isso já paga qualquer projeto e economicamente a médio e longo prazo, é muito viável", disse João Roberto Rodrigues, gerente de operações da Base de Operações Geólogo Pedro de Moura.

O primeiro poço na Amazônia foi perfurado em 1917 e desde então mais de 100 poços já foram perfurados. De acordo com Rodrigues, o custo médio de perfuração de um poço é de US$ 15 milhões, sem a certeza de que ele poderá produzir algo.

Hoje em dia, aproximadamente 1,2 mil pessoas trabalham diariamente "embarcadas" na província petrolífera. Quando o primeiro poço foi perfurado, em 1986 - chamado de RUC-1 (Rio Urucu número 1) -, eram apenas 62 pessoas, as únicas que presenciaram o petróleo jorrar na Amazônia.

Depois da descoberta, foram perfurados novos poços, que deixaram evidências de que também tinham capacidade de produzir energia - Leste de Urucu (1987), Sudoeste do Urucu (1988), Carapanaúba e Cupiúba (1989). O conjunto desses campos passou a ser conhecido como Província Petrolífera de Urucu.

Em 2016, são sete campos de produção com 70 poços produzindo, porém, do óleo aproveitado 100%, enquanto do gás natural de tudo o que é extraído, 2% são queimados. O que sobra é reinjetado no solo.

"Nosso indicador de utilização do gás associado é de 98% de aproveitamento de gás produzido. O que fazemos? Produzimos GLP, produzimos energia local, produzimos GNV para nosso próprio consumo, vendemos 3 milhões de m³ para a cidade de Manaus e o restante injetamos", disse Rodrigues.

Cerca de 40% da produção é devolvida para o solo porque não têm demanda.

Porém, o maior desafio de todos esse complexo projeto é ter o mínimo de impacto ambiental possível. Para isso, a Petrobras investiu em projetos como a recomposição da flora em áreas desmatadas, com a criação de viveiros para produção de mudas nativas.

"As árvores estão identificadas por nome, todo o processo é feito na fase de pré-exploração com licenciamento de cada área da Petrobras. É feito um estudo com delimitação da área que vai ser trabalhada e fazemos o inventário de todas as árvores que tem no local. A partir do inventário é feita a coleta de sementes para produzir mudas no viveiro, para que na fase de pós-exploratório, quando a área for recuperada, entrarmos com basicamente, ou o mais próximo, do que tinha na área", disse Jander Muniz Rabelo, engenheiro florestal, que trabalha há 5 anos na Petrobras.

Além disso, também há um orquidário, com 448 exemplares de orquídeas e 86 de bromélias.

Por fim, pensando no meio ambiente e na vida selvagem que existe nos arredores da província petrolífera, a empresa faz um trabalho de gestão ambiental de resíduos, com coleta seletiva, compostagem e reciclagem.