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Fundos disputam controle do laboratório Fleury

07/01/2014 16h28

São Paulo - A decisão de um grupo de 24 médicos de vender o controle do laboratório Fleury foi a fagulha para acender uma disputa acirrada pelo negócio. Segundo fontes de mercado, são muitos os interessados. Fundos fortes no País, como Gávea Investimentos (capitaneado pelo ex-presidente presidente do Banco Central Armínio Fraga) e Carlyle (que já comprou CVC, Ri-Happy e TokStok), avaliam a empresa, que está sendo assessorada pelo banco JP Morgan.

Além desses dois pesos pesados, pelo menos um outro fundo americano - o KKR - e laboratórios estrangeiros, de olho no crescimento do setor de saúde no País, também estão olhando o Fleury.

Toda essa movimentação do mercado seria uma “pedra no sapato” da Bradesco Seguros, que já é sócia do empreendimento e tem todo o interesse de ser controladora do negócio, dizem fontes.

A companhia seguradora, que quer aumentar sua fatia no Fleury, estaria insatisfeita com o preço pedido pelos controladores do laboratório. “As negociações estão cozinhando desde novembro. A impressão é que eles (controladores) estão esperando uma proposta melhor da Bradesco Seguros”, disse uma fonte. Procurados, Bradesco Seguros e Fleury não comentam o assunto.

Negociações lentas. Entre os fundos, a impressão é que as negociações não estão muito fáceis - a Core Participações, que reúne os médicos sócios do laboratório, oficializou o processo de venda do Fleury, que era alvo de rumores há tempos, há quase dois meses. “Tudo está andando mais devagar do que a gente imaginava a princípio”, disse o diretor de um dos fundos que estão avaliando o ativo. “Mas continuamos interessados”, ressalvou.

Segundo fontes de mercado, as conversas com a Gávea Investimentos (fundo controlado pelo JP Morgan), que foram reveladas pela imprensa no mês passado, também não teriam caminhado muito até agora. Isso porque os acionistas do Fleury tinham reservas em abrir seus dados financeiros para o fundo, que de certa forma é seu concorrente - a gestora é sócia do laboratório mineiro Hermes Pardini. Nos bastidores, questionava-se também o uso do Hermes Pardini como plataforma para a compra do Fleury, que tem um porte bem maior.

Por trás da intenção da venda do controle do laboratório Fleury estaria a intenção de sofisticar a entrega da empresa, cuja receita hoje está quase que totalmente baseada em repasses de planos de saúde. A companhia, que já é dona de uma marca premium - a Labs D’Or, por exemplo - teria a intenção de migrar de área, com a incorporação de outros serviços médicos, além dos diagnósticos. No mercado, comenta-se que suas marcas seriam fortes o suficiente para esse movimento.

O setor de saúde está atraindo diversos investidores ao Brasil. “É um mercado em processo de concentração. Além do interesse em laboratórios de análise, investidores estão de olho em hospitais e operadoras de planos de saúde, uma vez que o aumento de renda da classe C tem gerado demanda maior por esse serviço”, disse outra fonte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Fernando Scheller e Mônica Scaramuzzo