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Brasil propõe que troca de ofertas para acordo UE-Mercosul aconteça até julho

Efe
Imagem: Efe

10/06/2015 08h23

Paris, 10 (AE) - Paris, 10/06/2015 - A presidente Dilma Rousseff vai propor nesta quarta-feira (10) que a troca de ofertas entre o Mercosul e a União Europeia visando um acordo de livre comércio aconteça até julho. O pedido será feito nesta quarta-feira e quinta-feira, 11, durante reuniões bilaterais com líderes europeus presentes à reunião de cúpula entre UE e Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que começa em Bruxelas, na Bélgica. Entre as reuniões previstas, estão encontros com Angela Merkel e Alexis Tsipras.

A revelação sobre a proposta de troca de ofertas foi feita pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, na chegada da delegação brasileira à capital belga. Dilma vai discursar hoje na Comissão Europeia, na primeira sessão de trabalho da cúpula, que reunirá representantes de 61 países.

Nessa oportunidade, a presidente vai pedir que a troca de ofertas aconteça até o final de 2015. Mas, nas reuniões bilaterais que Dilma terá em Bruxelas, ela solicitará empenho da União Europeia para que a troca aconteça até julho, acelerando as negociações. "No discurso ela vai pedir para este ano", explicou Kátia Abreu. "Ela quer fazer a troca de ofertas. Nas bilaterais ela vai pedir a troca de ofertas. Nós vamos estar prontos."

Questionada sobre a posição da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, até aqui reticente sobre avançar no acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, Kátia Abreu ressaltou que o governo brasileiro está disposto a avançar mesmo sem a cooperação dos vizinhos. "Se eles quiserem ficar para trás, nós estamos prontos", disse a ministra. "Não tem jeito. Politicamente para ela (Cristina) ficar para trás hoje é muito ruim. Seria o ideal aceitar, mas se não quiser aceitar, ou vem ou vai ficar."

Em entrevista publicada na terça-feira pelo jornal belga Le Soir, Dilma exortou a União Europeia a agir para acelerar as negociações entre os dois blocos econômicos. "Nossas relações comerciais podem dar um salto graças à proposta comercial que o Mercosul fez à União Europeia para chegar a um acordo e livre comércio nos próximos meses", argumentou. "Completar essa relação é nossa prioridade em 2015. Isso não depende de nós, mas da vontade da União Europeia."

Nesta quarta-feira, Dilma terá encontros bilaterais com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, com os primeiros-ministros da Bélgica, Charles Michel, da Grécia, Alexis Tsipras, e da Bulgária, Rosen Plevneliev, e com o presidente do Conselho da União Europeia, Donald Tusk. É nessas reuniões que a presidente enfatizará a necessidade de acelerar as negociações e trocar as ofertas até julho.

A postura enfática do governo brasileiro contrasta com o estado de ânimo de negociadores e empresários europeus, que demonstram menos confiança na assinatura de um acordo entre UE e Mercosul. Em Bruxelas, eles têm enfatizado a necessidade de aumentar o comércio entre a Europa e o Brasil, mesmo sem a formalização da área de livre comércio.

Na terça-feira, o diretor da Unidade de América Latina da Direção-geral de Comércio da Comissão Europeia, Matthias Jorgensen, e também representantes patronais lamentaram a lentidão das negociações. "Nós vemos uma série de políticas bem-intencionadas da parte do Brasil. Não duvidamos disso", ponderou Jorgensen, sem no entanto esconder o pessimismo. "Mas como alguns de vocês notaram, essas negociações estão em curso há 16 anos. Nós queremos que avancem, mas a questão é: os recursos hoje em dia são limitados. Precisamos ter a certeza de que, se colocarmos recursos, vamos chegar a resultados práticos."

Ao Estado, um alto negociador europeu afirmou na terça-feira que essa hipótese não está na mesa, e que fixar uma data para o final das negociações é uma iniciativa que perdeu credibilidade. "Nós já fixamos uma data em 2013 e não funcionou", afirmou o negociador. Questionado sobre se o Mercosul e o Brasil estão perdendo espaço na agenda da União Europeia, que negocia também com os Estados Unidos e o Japão, o executivo afirmou: "Estamos tentando não criar uma escala de prioridades, porque acreditamos que essas negociações podem acontecer em paralelo. Mas quanto mais uma negociação demora…" (Andrei Netto)

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