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Itaú Unibanco reduz projeção de PIB de 2019 de alta de 2,0% para 1,3%

Maria Regina Silva

São Paulo

12/04/2019 13h32

O Itaú Unibanco reduziu as expectativas para o crescimento econômico em 2019 e 2020, após incorporar dados mais fracos e sinais de desaceleração da atividade na margem.

A estimativa para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano passou de alta de 2% para 1,3%, enquanto a de 2020 saiu de 2,7% para 2,5%. Para o PIB do primeiro trimestre, cortou a previsão de elevação de 0,3% para declínio de 0,1%, após expansão de 0,1% no último trimestre de 2018. Na comparação interanual, prevê alta de 0,6%.

A instituição também piorou as expectativas para o déficit primário, de 1,4% do PIB para 1,5% do PIB, em 2019, e de 0,9% para 1,0% do PIB, em 2020. Em contrapartida, manteve a projeção de 3,6% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano e de R$ 3,80 para a taxa de câmbio este ano e em R$ 3,90 para o seguinte.

Com relação à dinâmica da economia, o Itaú explica que, pelo lado da oferta, chama a atenção o fato de que a atividade industrial continua estagnada. O uso da capacidade instalada segue em patamar baixo e a produção industrial virtualmente estável. Mas, em fevereiro, a produção da indústria sofreu impacto da queda de 14,8% no setor extrativo. O recuo, avalia, possivelmente reflete a redução da produção de minério de ferro em razão do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), no dia 25 de janeiro.

Sob a ótica da demanda, o banco diz não ver sinais de melhora do investimento. E ressalta que os índices de confiança apresentaram recuo generalizado em março e indicam risco de arrefecimento adicional da atividade à frente.

Setor fiscal

Quanto ao fiscal, alterou a estimativa de déficit primário de 0,9% do PIB (R$ 60 bilhões) para 1,0% do PIB (R$ 75 bilhões) em 2020. O resultado, explica, é condicional ao avanço de reformas que levem a uma melhora gradual do resultado primário a patamares consistentes com a estabilização da dívida pública. "Sem reformas, o cumprimento do teto de gastos dificilmente será viável a partir de 2020, e o reequilíbrio fiscal estará ameaçado", argumenta.

Já para 2019, elevou a expectativa de déficit primário de 1,4% do PIB (R$ 96 bilhões) para 1,5% do PIB (R$ 110 bilhões). A piora não altera a perspectiva de que o cumprimento das regras fiscais do teto de gastos e da meta de déficit primário de 1,8% do PIB (R$ 132 bilhões) não constituirão grande desafio, acrescenta a nota do Itaú Unibanco.

Juros

Como resposta ao ritmo lento de recuperação da atividade econômica, o Itaú Unibanco diminuiu a previsão para a taxa Selic, de 6,5% para 5,75%, em 2019. Para o ano que vem, a projeção é que a taxa básica de juro termine em 5,5%.

O banco espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de baixa da Selic em setembro, apostando na aprovação da reforma na Câmara dos Deputados. O processo deve começar com cortes graduais, em reduções de 0,25 ponto porcentual, chegando ao nível final de 5,5% no início do próximo ano.

Encaminhada a reforma, o Itaú explica em nota que vê espaço para reduções da Selic. "Uma vez mitigada essa fonte de pressão - que afeta, em especial, a taxa de câmbio e as expectativas de inflação -, acreditamos que o balanço de riscos em torno do cenário base do Copom penderá para baixo, devido ao ritmo fraco de recuperação da economia", conforme a nota do banco que tem como economista-chefe Mario Mesquita.

"É razoável esperar certa aceleração da atividade econômica na medida em que as incertezas sobre a tramitação da reforma comecem a se dissipar, mas consideramos que estes desenvolvimentos se dariam gradualmente, de forma que a perspectiva de estreitamento moderado do hiato de produto continuaria predominando", avalia.

Em caso de frustração com relação ao avanço das medidas fiscais, o Itaú pondera que existe o risco de aumento do prêmio de risco, desvalorização do câmbio e desancoragem de expectativas de inflação, mesmo que o hiato de produto continue amplo. Esse cenário seria compatível com manutenção ou mesmo alta de juros à frente, explica.

O que é preciso para os juros caírem de verdade no Brasil?

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