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Senadores fazem pressão contra JBS nos EUA

Marta Cury Maia

07/06/2019 07h03

Um grupo de senadores americanos se uniu para pressionar o governo de Donald Trump a interromper repasses milionários à JBS, empresa comandada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista. Eles reclamam que, em vez de ajudar os fazendeiros americanos, dinheiro do Departamento de Agricultura está indo para uma empresa estrangeira com "histórico de corrupção", investigada pelo próprio governo dos Estados Unidos.

Na mira dos parlamentares, está um programa lançado por Trump para ajudar produtores afetados pela guerra comercial deflagrada por ele contra China e União Europeia.

Após Trump elevar tarifas para compra de bens industriais produzidos por chineses e europeus, as barreiras a produtos agrícolas americanos aumentaram e as vendas dos fazendeiros foram seriamente afetadas. O governo lançou então um programa para comprar mercadorias e tentar amenizar perdas.

A JBS USA, subsidiária da brasileira JBS, aderiu e já levou mais de US$ 60 milhões (cerca de R$ 240 milhões), segundo os congressistas. No total, o programa pretende chegar a US$ 12 bilhões em compras.

Se o contrato é pequeno para a JBS --a companhia faturou R$ 47 bilhões em 2019--, o movimento dos senadores pode arranhar a imagem da empresa nos EUA, seu principal mercado.

Congressistas chamam ajuda de 'ultrajante'

Em cartas enviadas nas últimas semanas ao próprio presidente e ao secretário de Agricultura, Sonny Perdue, nove parlamentares democratas pediram que o governo tome medidas para impedir que dinheiro de um fundo de assistência, custeado pelo contribuinte americano, termine nas mãos de "competidores" dos agricultores do país.

Uma das cartas classifica como "ultrajante" que parte dos recursos seja destinada a uma empresa investigada pelo Departamento de Justiça americano por corrupção no exterior. Outra menciona que a JBS USA foi alvo de apuração pelo Departamento de Agricultura, que constatou que a empresa estava cometendo irregularidades ao remunerar produtores locais.

No ano passado, a pressão de parlamentares foi bem-sucedida. A chinesa Smithfield recuou do pedido e compras de US$ 240 mil feitas ao governo. Em nota, a JBS USA afirmou que é uma empresa americana e seu único objetivo com o programa é ajudar parceiros americanos.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".