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Criada para ser a 'supertele' do País, operadora reúne dívidas e polêmicas

Divulgação
Imagem: Divulgação

Renata Agostini e Mateus Vargas

Brasília

16/08/2019 12h02

Turbinada durante a era PT para ser uma "supertele brasileira", a Oi recebeu durante anos bilhões em investimentos do governo e de fundos de pensão de estatais e se tornou uma das maiores beneficiadas pelos empréstimos a juros camaradas do BNDES. Hoje, controlada por fundos estrangeiros, carrega dívida bilionária e se vê forçada a se desfazer de ativos para afastar o risco de quebrar.

A companhia, em seus moldes atuais, surgiu em 2008 após união entre a Telemar (nome da Oi até 2007) e a Brasil Telecom. Com a operação, quase toda a comunicação por linhas fixas no País passou a ser operada por uma única companhia. De fora, restou São Paulo que, na privatização da Telebrás, em 1998, ficara com a Telefônica.

A fusão foi um acordo entre empresas privadas, mas contou com tanta ajuda do setor público, que sua imagem ficou associada ao governo do PT. A administração petista implementava à época a política que ficou conhecida como das "campeãs nacionais", que consistia em facilitar, e até incentivar, a criação de grandes empresas em diferentes setores, capazes de fazer frente aos conglomerados estrangeiros e multinacionais no mercado interno e no exterior.

Para que a "supertele" surgisse, o governo do ex-presidente Lula, então em seu segundo mandato, promoveu uma mudança na legislação, que até então vetava a possibilidade de duas concessionárias de telefonia fixa terem o mesmo controlador. Um decreto presidencial modificou esse entendimento. A aprovação pela Anatel também ocorreu em tempo recorde. E, por meio do BNDES e do Banco do Brasil, o governo abriu linhas de financiamento que permitiram a fusão.

O banco tornou-se ainda, por meio de seu braço de participações, o BNDESPar, um dos acionistas da nova empresa, ao lado de fundos de pensão de Banco do Brasil (Previ), Caixa (Funcef) e Petrobrás (Petros). Os controladores, porém, seguiram sendo La Fonte, dos Jereissatis, e Andrade Gutierrez.

A nova empresa nascia gigante e já bastante endividada. Por anos, tentou digerir a fusão, sem conseguir despontar como líder absoluta do mercado nacional, no qual competia na telefonia celular com outros grupos - atuais Vivo, Claro e Tim. Poucos anos depois, em 2013, veio o anúncio da fusão da Oi com a Portugal Telecom, criando uma empresa com braços no Brasil, em Portugal e em países africanos.

Novos acionistas chegaram à Oi, mas os problemas seguiram se avolumando. Enquanto a telefonia fixa minguava, a Oi seguia amargando o quarto lugar no mercado brasileiro de telefonia móvel. Projetos como o lançamento de uma TV por assinatura ou de um serviço de pagamento nunca decolaram.

Com os anos, as dívidas se acumularam e as polêmicas também, como suspeitas sobre irregularidades durante os muitos aumentos de capital e o uso político da operadora durante o governo do PT. Foi o caso das operações entre a Oi e a Gamecorp, empresa de Fábio Luís Lula da Silva, o "Lulinha", filho do ex-presidente Lula. Milhões foram aplicados na empresa. Até hoje, a Oi é sócia da companhia.

Em 2016, a Oi ingressou com pedido de recuperação judicial. Com dívida de R$ 65 bilhões, é o segundo maior já feito no País, só superado pelo da Odebrecht.

Agora, os fundos de estatais já não aparecem na estrutura societária. O BNDESPar tem menos de 1% na empresa. E o futuro da Oi é incerto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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