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Após sinal verde de Bolsonaro para programa social, Bittar adota outra estratégia

Senador Marcio Bittar (MDB-AC) é relator do Orçamento de 2021 - Jefferson Rudy/Agência Senado
Senador Marcio Bittar (MDB-AC) é relator do Orçamento de 2021 Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Idiana Tomazelli

Brasília

16/09/2020 17h25

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dar sinal verde para a retomada das discussões sobre um novo programa social pós-pandemia, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) adotou estratégia inversa à que vinha sendo usada pela equipe econômica e lideranças do Congresso e evitou antecipar valores e de onde sairiam os recursos para viabilizar a nova tentativa de tirar o programa do papel.

A mudança de rumo vem depois de o Renda Brasil ser sepultado num primeiro momento por Bolsonaro, que ficou insatisfeito com repetidos anúncios de ações em estudo feitos pela equipe econômica sem que houvesse já o acerto político daquela medida.

"Para evitar informações desencontradas, que vazam, em que pese terem lógica mas acabam sendo abortadas, peço desculpas mas não vou fazer nenhum tipo de especulação enquanto ela (proposta) não estiver pronta", disse Bittar, que é relator do Orçamento de 2021 e da PEC do Pacto Federativo, que inclui medidas de ajuste nas contas públicas.

Bittar esteve na tarde de hoje com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na sede da pasta em Brasília, para conversar sobre o programa. Na saída, o senador evitou responder se o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, participou do encontro. "Qual é a diferença se participou ou não?", reagiu. Diante da insistência, Bittar informou apenas: "Eu conversei com o ministro da Economia, Paulo Guedes."

Foi Waldery quem disse, em entrevista ao G1, que o governo estudava o congelamento de aposentadorias por dois anos e mudanças no seguro-desemprego para economizar recursos e abrir caminho à criação do novo programa social, mais robusto. A declaração repercutiu mal e foi criticada em vídeo por Bolsonaro, que ameaçou "dar um cartão vermelho" a quem propusesse algo do tipo.

O senador prometeu até a próxima terça-feira (22) a apresentação de uma proposta para o novo programa, que pode ser criado ainda sem uma previsão inicial de recursos. A ideia é garantir sua existência e a rubrica orçamentária necessária para destinar os valores, deixando a discussão de revisões em outras despesas para mais adiante.

Segundo Bittar, até lá a ideia é manter a discussão "dentro do governo e dentro do Congresso". "É coisa que a esquerda sabe fazer desde criança. Primeiro discute, faz assembleia, reunião interna, bem disciplinadamente, bem hierarquizadamente, e aí apresenta a ideia", afirmou.

Questionado se faltou hierarquia na primeira fase da discussão sobre o Renda Brasil, o relator disse que "onde não tem hierarquia e não tem disciplina, vira bagunça".

Sinal verde

Bittar se reuniu nesta quarta mais cedo com Bolsonaro e disse ter recebido sinal verde do presidente para conversar de novo com a equipe econômica e com os líderes partidários, principalmente do governo, para apresentar um programa social.

"O que aconteceu por desencontros não é legal, não podemos esquecer, e isso é fundamental, foi descoberto quase 10 milhões de brasileiros que estavam fora de um programa social", disse ele, defendendo alguma iniciativa para "abraçar" essas pessoas.