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CVM acusa fundador da Marfrig de usar informação privilegiada; empresário nega

CVM acusa Marcos Molina de usar informações privilegiadas para vender ações da Marfrig - Amanda Perobelli/Reuters
CVM acusa Marcos Molina de usar informações privilegiadas para vender ações da Marfrig Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Fernanda Nunes

Rio de Janeiro

25/05/2021 20h00Atualizada em 26/05/2021 08h53

Fundador e presidente do conselho de administração do frigorífico Marfrig, Marcos Molina é acusado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de ter se beneficiado de informações privilegiadas para tirar vantagem em negociações na B3, em 2018.

O órgão regulador do mercado financeiro concluiu que o empresário vendeu ações ordinárias da Marfrig antes de anunciar a aquisição do controle da National Beef.

Molina nega a acusação, mas apresentou, na última sexta-feira (21), uma proposta à CVM para assinar um termo de compromisso e encerrar o processo aberto em março do ano passado. A proposta, agora, é analisada pela Procuradoria Federal Especializada, da comissão.

A Marfrig é uma das maiores empresas de proteína bovina do mundo e líder global na produção de hambúrgueres. Criada em 2000, atua em mais de cem países e emprega cerca de 30 mil pessoas.

A conclusão da SPS (Superintendência de Processos Sancionadores) do órgão regulador foi de que o executivo operou no mercado financeiro enquanto ainda negociava a compra da National Beef com a Leucadia (atual Jefferies Group), segundo o jornal "Valor Econômico". O Broadcast não teve acesso ao processo.

Administradores são proibidos de negociar ações das empresas onde atuam durante processos de negociação relevantes, que podem mexer com os papéis da companhia.

Isso porque esse administrador possui informações privilegiadas em relação a quem está comprando ou vendendo as ações. A compra do controle da National Beef pela Marfrig é uma negociação relevante e, por isso, foi alvo de processo da CVM.

A aquisição foi comunicada ao mercado financeiro em 10 de abril de 2018. Logo no dia seguinte, os papéis do frigorífico subiram 18,8% no pregão e se mantiveram valorizados por um período.

A Marfrig, por intermédio de sua assessoria de imprensa, respondeu que as operações de venda de ações por Molina aconteceram num período em que o diálogo com a Leucadia não era constante e, por isso, não era possível prever a conclusão do negócio.

"Em um primeiro momento, a Marfrig propôs uma troca de ativos, opção rejeitada pela Leucadia em dezembro de 2017. Após a recusa da Leucadia, os contatos entre as duas empresas foram encerrados e só retornaram no início de março de 2018. Nesse intervalo, a Leucadia fez contatos com outros interessados na compra da National Beef", afirmou a empresa.

O frigorífico argumenta ainda que, até a aprovação de um empréstimo-ponte pelo Rabobank NY, em 8 de março de 2018, não havia nenhuma chance de aquisição de participação da National Beef pela Marfrig. A compra só poderia acontecer após a aprovação desse empréstimo, segundo a empresa.

"Marcos Molina dos Santos cumpriu seus deveres fiduciários para com a Marfrig ao não realizar operações com ações MRFG3 no período entre 6 de março de 2018 e 9 de abril de 2018, quando o Fato Relevante a respeito da operação foi publicado. Portanto, não houve qualquer operação irregular", acrescentou o frigorífico em nota.