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Guedes diz que economia brasileira está de novo em uma 'rota surpreendente'

"[A economia] Está dando indicações de que pode crescer bem acima dos 3,4% neste ano", disse Guedes - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
"[A economia] Está dando indicações de que pode crescer bem acima dos 3,4% neste ano", disse Guedes Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Lorenna Rodrigues e Célia Froufe

Brasília

31/05/2021 13h54Atualizada em 31/05/2021 14h35

O ministro da Economia, Paulo Guedes, ressaltou que o governo e o mercado estão revendo as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021.

"A economia brasileira está de novo em uma rota surpreendente. Está dando indicações de que pode crescer bem acima dos 3,4% neste ano. As revisões do mercado para crescimento estão acima de 4% e há quem preveja 5%", afirmou, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2021 (BIF), um evento internacional sobre atração de investimentos estrangeiros para o Brasil, organizado pela Apex-Brasil, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e governo federal.

Esta é a primeira vez que o evento é realizado de forma virtual por causa da pandemia de coronavírus.

O ministro disse ainda que organismos internacionais erraram em previsões de crescimento do Brasil em 2020 e "parece" que se equivocarão de novo em 2021".

Na terça-feira, 1º de junho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar o resultado do PIB do primeiro trimestre.

Déficit primário

Guedes disse também que o governo está revendo sua projeção de déficit primário neste ano de 3,5% para abaixo de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). No evento com investidores internacionais, ele alegou que os gastos extraordinários estão sendo "gradualmente removidos" e o país está voltando à "trajetória de controle e responsabilidade nas contas públicas".

"Não faltarão recursos para importação de vacina e produção local de imunizantes. Teremos produção própria de vacinas e aceleramos a importação do exterior", completou Guedes.

Ambiente de negócios

O ministro da Economia enfatizou a potenciais investidores internacionais que uma Medida Provisória deve melhorar o ambiente de negócios no Brasil. "Vamos aprovar nos próximos dias MP que melhora o ambiente de negócios. Devemos melhorar de 30 a 40 posições no ranking mundial de ambiente de negócios", disse.

Há dois meses, o governo federal editou a MP, apontada como um marco para consolidar mudanças no País, com forte impacto na facilidade de se fazer negócios no Brasil e no ranking Doing Business. Durante o lançamento da MP, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia (Sepec/ME), Carlos Da Costa, havia previsto avanço em 20 posições nesse ranking do Banco Mundial. O Brasil ocupa atualmente o 124º lugar e o objetivo de médio prazo do Ministério da Economia é chegar ao Top50 do ranking.

"Estamos preparando o ambiente de negócios para retomarmos o caminho da prosperidade", disse nesta segunda-feira Guedes. "Queremos que Brasil seja uma das maiores economias de mercado do mundo. Não apenas ser a oitava, nona, décima maior economia, mas ser uma economia de mercado", acrescentou.

O ministro também disse aos investidores que o governo está reforçando a vocação da agroindústria brasileira e que este movimento não se dá na direção da produção agrícola, mas também de minerais. "Vamos reindustrializar o Brasil com energia barata", disse ele, num momento em que aumentam as preocupações no País sobre a possibilidade de falta e energia.

Reforma tributária

Ele salientou ainda que o Executivo está encaminhando um projeto de reforma tributária ao Congresso Nacional depois de já ter enviado o que trata da Administrativa. "As reformas administrativa e tributária devem avançar este ano", previu. "Vamos surpreender o mundo mais uma vez, pois o Congresso brasileiro é reformista", acrescentou.

'Futuro digital e verde'

O ministro da Economia aproveitou evento com investidores internacionais para pedir recursos para o meio ambiente e a digitalização da economia brasileira. "Queremos ajuda e investimento de fora para construir futuro digital e verde. Uma árvore viva vale mais que uma morta, biofármicos, turismo, economia verde, tudo girará em torno da Amazônia", afirmou.

Segundo o ministro, a reforma tributária mudará o eixo das isenções tributárias da energia "fóssil e suja" para a economia verde e digital.

Apesar das críticas internacionais ao aumento do desmatamento no Brasil durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, Guedes disse que o meio ambiente é um tema decisivo para economia brasileira. "Vamos nos tornar centro da economia sustentável. A Amazônia será centro de provisão de serviços para economia do meio ambiente", completou.

Investimento Estrangeiro Direito

O ministro da Economia admitiu que países da Ásia deverão continuar a encabeçar a lista de destino de Investimento Estrangeiro Direto (IED) global, mas previu que o Brasil tem condições de se manter na quarta posição desse ranking. "Temos que acelerar esse papel", disse.

Depois de ter mencionado as ações econômicas do governo no combate aos impactos da pandemia de coronavírus e também o processo de imunização da população, Guedes disse estar confiante na retomada do setor de serviços. "Com a vacinação progredindo, haverá retomada desse setor", disse ele.

Além disso, conforme o ministro, a aceleração das privatizações vai ajudar na relação que mede a dívida perante o PIB. No início da pandemia, lembrou ele, havia prognósticos de que a proporção do endividamento bateria na casa de 100%, patamar considerado apenas mais confortável para países avançados.

"A relação dívida/PIB deve cair para 85% no fim do ano", previu, enfatizando que isso ocorreu mesmo com transferência "maciça" de renda do governo para a população.

Auxílio emergencial

Mais uma vez, Guedes disse que o governo poderá estender o programa de auxílio emergencial, mas apenas se a pandemia se mantiver forte, com aumento de números de mortes em ascensão. Assim como em outras ocasiões, ele ponderou nesta segunda-feira que é preciso resguardar a geração futura sem que se deixe um aumento exagerado da dívida.

Ao final da apresentação, o ministro citou uma série de acordos comerciais internacionais com vários países. Alguns, de acordo com ele, já tiveram inícios importantes. "Esta é a transformação do Estado brasileiro, com um mergulho nos mercados globais."