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Ipea: Com energia e gás mais caros, inflação pesa mais para os mais pobres

Apontamentos do Ipea foram feitos com base no IPCA, índice apurado pelo IBGE para medir a inflação - Eduardo Matsyak/Futura Press/Estadão Conteúdo
Apontamentos do Ipea foram feitos com base no IPCA, índice apurado pelo IBGE para medir a inflação Imagem: Eduardo Matsyak/Futura Press/Estadão Conteúdo

Daniela Amorim

No Rio de Janeiro

13/08/2021 12h22Atualizada em 13/08/2021 12h54

A alta no custo da energia elétrica e do gás de botijão foi o principal fator de pressão para que a inflação dos brasileiros mais pobres encerrasse o mês de julho quase 30% maior que a dos mais ricos, segundo dados divulgados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou uma aceleração da pressão inflacionária na passagem de junho para julho em todas as faixas de renda.

No entanto, o aumento de custos foi maior entre as famílias mais pobres, com renda domiciliar inferior a R$ 1.650,50: a variação dos preços passou de alta de 0,62% em junho para elevação de 1,12% em julho.

Entre as famílias de renda mais alta, que recebem mais de R$ 16.509,66 mensais, a inflação saiu de 0,36% em junho para 0,88% em julho.

Entre os de renda média alta, com rendimento domiciliar mensal entre R$ 8.254,83 e R$ 16.509,66, a inflação acelerou de 0,44% para 0,78% no período.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, encerrou o mês de julho com avanço de 0,96%, ante uma elevação de 0,53% em junho.

Em julho, a maior pressão sobre a inflação partiu dos gastos com habitação. A energia elétrica subiu 7,88%, devido ao aumento de 52% na cobrança extra sobre as contas de luz pelo acionamento da bandeira vermelha patamar 2 e ao reajuste tarifário em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.

"Adicionalmente, a manutenção da trajetória de alta do petróleo, combinada com a leve desvalorização cambial, gerou, pelo décimo quarto mês consecutivo, uma elevação no preço do gás de botijão, cuja variação de 4,17% em julho pressionou ainda mais o grupo habitação", ressaltou a nota do Ipea.

O aumento de 3,1% nos gastos com habitação em julho respondeu por quase 70% da inflação percebida pelas famílias mais pobres, um impacto de 0,74 ponto porcentual.

O encarecimento de 0,6% dos alimentos e bebidas contribuiu com mais 0,19 ponto porcentual, enquanto a alta de 1,52% nos transportes acrescentou mais 0,14 ponto porcentual.

"Ainda que em menor proporção, o comportamento dos grupos alimentos e bebidas e transportes ajuda a completar esse cenário de aceleração inflacionária para as faixas de renda mais baixa", apontou, na Carta Conjuntura, a técnica do Ipea Maria Andréia Parente Lameiras.

Já a inflação percebida entre as famílias de renda alta foi pressionada pelos reajustes da gasolina (1,6%), passagens aéreas (35,2%) e transporte por aplicativo (9,4%).

"Nota-se, entretanto, que, além de terem sofrido um impacto menos intenso da alta da energia elétrica e dos alimentos — dado o menor peso desses itens em seus orçamentos —, esse segmento de renda foi beneficiado pela queda de 1,4% nos preços dos planos de saúde, cuja deflação atenuou a alta inflacionária desta classe em julho", completou o Ipea.

A inflação acumulada em 12 meses até julho foi de 10,05% para as famílias mais pobres, patamar bem acima dos 7,11% observados no segmento mais rico da população.

O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA.

Os grupos vão desde uma renda familiar de até R$ 1.650,50 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 16.509,66, no caso da renda mais alta.