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Bolsonaro justifica a apoiadores que falas acima do tom fazem dólar disparar

Apesar da reação positiva do mercado à carta do presidente, bolsonaristas criticaram o recuo do chefe do Planalto - Marcos Corrêa/PR
Apesar da reação positiva do mercado à carta do presidente, bolsonaristas criticaram o recuo do chefe do Planalto Imagem: Marcos Corrêa/PR

Eduardo Gayer e Sofia Aguiar

Em São Paulo

10/09/2021 11h24Atualizada em 10/09/2021 11h29

Em meio a críticas de apoiadores sobre seu recuo nos ataques às instituições, após a publicação da carta à nação na tarde de ontem, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a pedir que seus simpatizantes leiam a nota com calma e justificou a publicação do documento como uma espécie de antídoto à alta do dólar.

"O que aconteceu às três da tarde de ontem. Não posso falar para cima, que o dólar...O que acontece? Cada um fala o que quiser. O cara não lê a nota e reclama. Leia a nota, duas, três vezes. É bem curtinha, são 10 pequenos itens. Entenda", pediu Bolsonaro a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada hoje. "Se o dólar dispara, influencia o combustível", acrescentou, em seguida.

Apesar da reação positiva do mercado à carta do presidente, com o dólar fechando na quinta em baixa e a bolsa, em alta, bolsonaristas criticaram o recuo do chefe do Planalto apenas dois dias depois de ameaçar o STF (Supremo Tribunal Federal) nos atos de 7 de setembro.

Na carta, Bolsonaro clamou pela harmonia entre os poderes e atestou seu "respeito" às instituições. Na quinta, mais tarde, em sua transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente já havia tentado minimizar o recuo ao dizer que a perda de apoio da base depois da publicação do documento seria revertida em poucos dias.

"Alguns querem imediatismo. Se você namorar e casar em uma semana, vai dar errado o seu casamento", acrescentou Bolsonaro no período da manhã desta sexta, na mesma linha do dito na live de ontem. "A gente vai acertando."

De acordo com o ex-presidente da República Michel Temer, que ajudou na produção do documento, Bolsonaro está convencido de adotar uma postura de diálogo daqui para frente, após o presidente do Supremo, Luiz Fux, alertar ao presidente que sua promessa de descumprir uma ordem judicial configura crime de responsabilidade. No meio político, contudo, ainda há dúvidas se o recuo será perene.