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BC: saques na poupança superaram os depósitos em R$ 7,719 bi em setembro

Os saques na poupança superaram os depósitos pelo segundo mês consecutivo - Suwaree Tangbovornpichet/iStock
Os saques na poupança superaram os depósitos pelo segundo mês consecutivo Imagem: Suwaree Tangbovornpichet/iStock

Eduardo Rodrigues

Brasília, 6

06/10/2021 15h55

Em meio à escalada da inflação no País, os saques na poupança superaram os depósitos pelo segundo mês consecutivo, com uma retirada líquida de R$ 7,719 bilhões em setembro, informou nesta quarta-feira, 6, o Banco Central (BC). Esse foi o maior saque líquido para meses de setembro na série histórica, iniciada em 1995.

No mês, os aportes na caderneta somaram R$ 282,876 bilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 290,596 bilhões. Este movimento gerou a retirada líquida total de R$ 7,719 bilhões no mês. Considerando o rendimento de R$ 3,084 bilhões da caderneta em agosto, o saldo total das contas caiu para R$ 1,031 trilhão.

Setembro foi o quinto mês de 2021 em que os saques superaram os depósitos na poupança. Nos meses de janeiro, fevereiro e março, os brasileiros também haviam retirado recursos da caderneta. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, a população retirou R$ 23,349 bilhões líquidos da caderneta. Em 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, a poupança chegou a registrar dez meses consecutivos de depósitos líquidos (de março a dezembro).

No ano passado, a caderneta havia sido favorecida pelo pagamento de auxílios à população. Além disso, foi impulsionada em 2020 pela maior cautela das famílias brasileiras. Preocupadas com a renda futura e com medo do desemprego, muitas delas reduziram gastos e passaram a aplicar recursos na caderneta, o que elevou o saldo. Este movimento foi o que o próprio BC chamou de "poupança precaucional".

Em contrapartida, as famílias passaram a enfrentar, no início de 2021, as tradicionais despesas de início de ano (IPTU, IPVA, matrículas de filhos em escolas particulares e gastos com material escolar), além de um ambiente ainda negativo para a economia. Nos primeiros meses do ano, o governo não pagou o auxílio emergencial, o que também impactou os saldos.

Estes fatores favoreceram os saques na poupança de janeiro a março, com muitos brasileiros precisando de recursos para fechar as contas. De abril a julho, porém, o resultado positivo foi influenciado pela volta do pagamento do auxílio emergencial para uma parcela da população. Os depósitos começaram a ser feitos em 6 de abril. Agora, em meio à alta da inflação, a poupança voltou a registrar mais retiradas que aportes.

A poupança é remunerada atualmente pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 6,25% ao ano. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 4,375% ao ano. O porcentual não cobre necessariamente a inflação. Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).