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Líder dos caminhoneiros diz que oferta de Bolsonaro é 'piada de mau gosto'

Wallace Landim, Chorão, líder caminhoneiro - Reprodução de vídeo
Wallace Landim, Chorão, líder caminhoneiro Imagem: Reprodução de vídeo

André Borges

21/10/2021 22h10

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, uma das principais lideranças do movimento de caminhoneiros do País, criticou duramente as declarações feitas nesta quinta-feira, 21, pelo presidente Jair Bolsonaro, de criar um "benefício" de R$ 400 por mês aos caminhoneiros, para compensar o aumento do diesel.

"Eu acho que foi uma piada que ele (Bolsonaro) fez... ou será de verdade? Isso é uma piada de mau gosto. O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade, quer os compromissos que foram assumidos e que até hoje não saíram do papel", disse Landim, conhecido entre os caminhoneiros como "Chorão".

Wallace Landim tem trânsito dentro do governo e esteve presente em diversas reuniões com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para tratar de medidas voltadas à categoria. O relacionamento institucional ocorreu durante um bom período e o governo, em outros momentos, conseguiu debelar movimentos de greve no setor. Agora, o tom é outro.

"Queremos algo concreto, não cortina de fumaça. A classe já deu 15 dias para o governo trazer algo concreto, mas isso não veio. Agradecemos pela piada do presidente, mas estamos num trabalho de unificação das pautas da categoria e a paralisação para o dia 1 de novembro está mantida, seguimos com a mobilização", comentou.

Os caminhoneiros se movimentam para fazer uma greve geral em 1 de novembro. A ameaça de falta de combustível e os aumentos sucessivos de preço promovidos pela Petrobras são as principais queixas do setor. "A gente vem num trabalho de tentar acreditar, fizemos várias reuniões, mas percebemos que nada saiu do papel e a categoria não suporta mais esperar. Não aguentamos mais, estamos na beira do abismo. Chega disso", disse o líder caminhoneiro da Abrava, que reúne cerca de 35 mil associados.

Um ministro da cúpula do governo afirmou que, de fato, a declaração feita por Bolsonaro de lançar uma "bolsa caminhoneiro", sem detalhar como isso seria feito e, principalmente, de onde sairia o dinheiro, foi uma ação extremamente mal recebida pelo setor e por todos agentes econômicos. "Números serão apresentados nos próximos dias, vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel", afirmou o presidente, durante participação em um evento em Sertânia (PE).