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Indicação do Centrão acende alerta para uso político do INSS

Prédio do INSS - Divulgação
Prédio do INSS Imagem: Divulgação

Brasília

09/11/2021 17h00

A troca de comando no INSS, responsável pelo pagamento de mais de R$ 700 bilhões em aposentadorias, acendeu o alerta entre técnicos do governo para o risco de uso político do órgão em ano eleitoral. O novo presidente, José Carlos Oliveira, é indicado do Centrão, bloco de partidos que se aliou ao presidente Jair Bolsonaro e tem dado sustentação política ao governo no Congresso.

Oliveira vai ficar no lugar de Leonardo Rolim, que assume pela segunda vez a Secretaria de Previdência, ligada ao Ministério do Trabalho e Previdência. Ele é técnico do seguro social e, desde maio, ocupava a Diretoria de Benefícios do INSS. Também já foi superintendente do órgão na Região Sudeste.

Relações

A versão oficial é que Rolim não desejava permanecer no cargo por muito mais tempo, aceitando o convite do ministro Onyx Lorenzoni para retornar à secretaria. Nos bastidores, porém, os laços estreitos de Oliveira com o mundo político são citados como o motivo de sua ascensão.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o novo presidente do INSS é indicado do PSD. Foi pelo PSD que Oliveira atuou como vereador de São Paulo entre outubro e dezembro de 2012 - ele havia sido eleito suplente pelo DEM, mas, antes de assumir o cargo, migrou para o PSD. Dirigentes do PSD negam a indicação.

A avaliação nos bastidores é de que há uma série de instrumentos que podem ser colocados a serviço de interesses partidários, como a reabertura de agências do órgão. O tema considerado mais sensível, porém, é o combate a fraudes cometidas por associações de aposentados. Desde 2019, o INSS vinha intensificando a atuação nessa frente.

Em junho daquele ano, quatro entidades suspeitas tiveram os repasses suspensos. Desde então, houve uma série de cancelamentos de convênios, com impacto direto nos cofres dessas associações. Mas a atuação teria esfriado quando Oliveira assumiu a Diretoria de Benefícios. Algumas das entidades têm ligações partidárias.

A reportagem procurou o INSS, mas não teve resposta até a conclusão da edição,