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Campos Neto: sem alimentos e energia, inflação está na média de emergentes

Inflação de preços ao consumidor registrou alta de 9,42% em 12 meses, segundo levantamento da FGV - Divulgação
Inflação de preços ao consumidor registrou alta de 9,42% em 12 meses, segundo levantamento da FGV Imagem: Divulgação

Eduardo Rodrigues e Guilherme Pimenta

Do Estadão Conteúdo, em Brasília

22/02/2022 16h23

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou nesta terça-feira (22) que, sem alimentos e energia, a inflação brasileira está dentro da média dos países emergentes. Para ele, há um choque "nunca antes visto" e, por isso, a inflação na energia "colocou o Brasil muito acima da média".

A inflação brasileira, disse o presidente do Banco Central, está sob "tanto quanto" a americana. O Brasil, disse o chefe da autoridade monetária, está com recuperação estável. "Brasil saiu na frente no ajuste monetário e tem sido reconhecido por isso", declarou o presidente.

Vários países, disse, ainda vão subir "bastante os juros": "Com exceção de Brasil e Rússia, demais países estão abaixo da taxa neutra."

Aperto monetário dos EUA

O presidente do Banco Central afirmou que um movimento mais rápido de aperto monetário dos Estados Unidos ajudaria a combater a inflação em países emergentes. Apesar de dizer que não poderia comentar quais ações o Federal Reserve (Fed) deveria tomar, Campos Neto falou que um movimento mais rápido do banco central americano pode "afetar fluxos financeiros com impacto negativo para emergentes".

Os EUA, disse, vão conviver "com inflação mais alta durante um tempo", que será persistente e tem prazo para acabar. O que a autoridade monetária americana tem feito "tem relevância" e é usado pelo Banco Central brasileiro como input para modelos no Brasil.

O mundo emergente, disse, convive com inflação com maior frequência. "Investidores estão enxergando empresas que convivem melhor com inflação", afirmou. "Taxa de juros mais alta traz fluxos de dólares para o Brasil", falou o presidente do BC, completando: "A melhora no câmbio está ligada a movimento de rotação nos fluxos de investimentos."

Consumos de serviços pré-pandemia

O presidente do Banco Central, disse ainda que o consumo de serviços ainda não voltou sequer à tendência pré-pandemia. Ele está discursando em evento do BTG Pactual.

De acordo com o presidente do BC, "se imaginava que pessoas voltariam a consumir serviços e a inflação iria se reequilibrar". Os bancos centrais, disse ele, acreditaram que a inflação seria transitória. O cenário esperado para a inflação, entretanto, não foi o cenário encontrado, segundo disse Campos Neto no discurso.

Ele também citou que houve um deslocamento na demanda devido ao pacote de ajuda muito grande (pela pandemia). Nesse sentido, o presidente afirmou também que a demanda por energia também foi muito maior que a esperada, e há gargalos para atendê-la, com preços altos. "É difícil fazer uma transição verde rápida de energia sem aceitar preços maiores", afirmou. "Mesmo que preço de energia se estabilize no curto prazo, patamar seguirá alto."

Cálculos sobre a inflação industrial

Campos Neto afirmou que a autarquia considera em seus cálculos que a inflação industrial deve cair e a de serviços, subir.

Campos Neto falou que há um olhar específico para a inflação de serviços, uma vez que o último número "surpreendeu negativamente".