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Crescem as reclamações contra redes de fast-food

De janeiro a abril deste ano, quase triplicou o número de reclamações de consumidores sobre propaganda enganosa de redes fast-food - Getty Images
De janeiro a abril deste ano, quase triplicou o número de reclamações de consumidores sobre propaganda enganosa de redes fast-food Imagem: Getty Images

Marcia de Chiara

São Paulo

08/05/2022 14h39Atualizada em 08/05/2022 20h50

O brasileiro está de olho nos lanches vendidos pelas redes de fast-food. De janeiro a abril deste ano, quase triplicou o número de reclamações de consumidores sobre propaganda enganosa do setor em relação a igual período de 2021, segundo o site de defesa do consumidor Reclame Aqui. No primeiro quadrimestre de 2022, foram recebidas 3.197 reclamações, ante 1.160 no mesmo período do ano passado.

Só em abril houve aumento de queixas de propaganda enganosa de mais de 100% em relação ao mesmo mês de 2021.

A explosão de queixas sobre o tema ganhou relevância especialmente depois dos episódios ocorridos nas últimas semanas. O McDonald's foi notificado por órgãos de defesa do consumidor por não utilizar carne de picanha nos sanduíches McPicanha. O mesmo aconteceu com o hambúrguer Whopper Costela do Burger King.

Edu Neves, presidente do Reclame Aqui, explica que as queixas estão muito focadas em produtos premium. "Quase todas as reclamações têm uma queixa explícita de que o valor pago é por um produto premium, mas o produto recebido não é equivalente."

Com o avanço das hamburguerias artesanais, as redes de fast-food reagiram e lançaram linhas mais sofisticadas. No entanto, Neves acredita que a fórmula dos lançamentos de produtos de maior valor usada pelas redes foi antiga e desajustada aos novos tempos. "Ao dizer que um produto tem sabor de tal coisa, as empresas não esperavam que os próprios consumidores iriam descobrir isso e colocar o problema nas redes sociais."

Maria Inês Dolci, presidente da Consumare, ONG internacional de defesa do consumidor, frisa que propaganda enganosa sempre existiu. Mas ela ficou mais evidente na saída da pandemia. "As indústrias estão querendo vender mais e estão mais agressivas", afirma.

Burger King e McDonald's lideram o ranking de queixas, aponta site

Nos últimos seis meses, entre novembro de 2021 e abril deste ano, o Burger King liderou o ranking das reclamações de propaganda enganosa entre as redes de fast-food no Brasil, com 525 queixas, seguido pelo concorrente McDonald's, com 400 reclamações, aponta o levantamento do site Reclame Aqui.

Edu Neves, presidente do site e responsável pela pesquisa, diz que as queixas de propaganda enganosa se aceleraram em abril, depois dos episódios do McDonald's e do Burger King. "O consumidor já vinha reclamando, mas talvez ele não estivesse atento a isso."

Após a reclamação dos consumidores e de ter sido notificado pelos Procons por não ter a carne anunciada na composição do sanduíche, o Burger King foi proibido de vender o hambúrguer Whopper Costela em todo o Distrito Federal. O McDonald's tirou do cardápio os dois sanduíches da linha "Novos McPicanha". Na semana passada, as duas empresas foram convocadas pela Comissão de Transparência, Fiscalização e Defesa do Consumidor do Senado para esclarecer a publicidade enganosa de hambúrguer que são acusadas.

O que dizem as empresas

Procurado, o Burger King contestou o levantamento do site. Por meio de nota, a empresa informou que, "entre as marcas do setor, é a segunda mais bem avaliada pelo Reclame Aqui nos últimos seis meses e tem índice de solução de reclamações próximo a 80% no período, enquanto o índice médio da categoria é de aproximadamente 64%". O Burger King acrescentou que "investe constantemente no aprimoramento de seus produtos e serviços e na busca por soluções que proporcionem experiências cada vez mais positivas para seus clientes".

O McDonald's informou, por meio de nota, que "a marca tem a satisfação do cliente como prioridade e as comunicações dos consumidores, pelos diferentes meios de contato, são apuradas para contribuir com a melhoria de nossos serviços".