3 razões para acreditar que "boom" dos shoppings está longe do fim
SÃO PAULO - "Quando dizem que existe um excesso de oferta de shoppings eu não acredito, tem uma demanda reprimida do mercado consumidor brasileiro". A opinião é de Michel Cutait, especialista em shopping center e varejo e diretor executivo da Make it Work. Ele defende que o mercado brasileiro começou a acessar o consumo realmente há cinco anos e essa vontade de consumir ainda é muito nova.
Para ele, o que tem acontecido é que a demanda está reprimida por conta de uma situação econômica desfavorável, mas ainda assim a população não tem parado de consumir. "Quando a Forever 21 chegou ao Brasil, em março deste ano, desembarcando diretamente no Shopping Morumbi, o seu estoque que estava programado para 3 meses se esgotou em 15 dias - dando mais um exemplo de que a demanda reprimida. Quando vem um produto de qualidade e com bom preço, as pessoas vão às compras", comenta.
Ou seja, o problema não tem sido um excesso de oferta, defende, citando como primeiro exemplo o número de empreendimentos que existem hoje no País. Até agosto deste ano, o número de shoppings em operação no Brasil era de 504 , enquanto nos Estados Unidos (considerando somente empreendimentos com mais de 11 mil metros quadrados Área Bruta Locável) contabilizava até o mesmo mês 10.970 shoppings. " Não que dê para comparar a renda de lá com a do Brasil, mas somente pelos números dá para ver que ainda tem muito espaço para crescer, principalmente fora do eixo Rio-São Paulo, onde vemos disparado a maior concentração de shoppings".
Um segundo ponto abordado por ele é que nos últimos anos o que tem se visto é uma falta de variedade dos varejistas. "Precisaria regionalizar o varejo. Faltam varejistas em quantidade e variedade. Junto a isso tem a questão que os empreendimentos precisam passar por uma revitalização. As construções novas são parecidas com os modelos que deram certo no passado. "Há carência de novidade".
Para ele, a demanda reprimida de décadas vai continuar alimentando o crescimento dos shoppings. O Brasil é um terreno ainda bastante fértil para esse mercado, comenta. Em sua avaliação, o País tem muito para crescer em termos de oferta e varejo, e não parece que o consumidor esteja maduro, como já está acontecendo com o mercado europeu e americano. A economia fraca pode até interferir na compra, mas enquanto as pessoas precisarem e desejarem consumir, haverá espaço para desenvolvimento de shoppings, conclui.
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