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Em carta, acionistas da Laep rebatem acusações de Marcus Elias

02/10/2014 10h55

(SÃO PAULO) – A Abrimec (Associação Brasileira dos Investidores no Mercado de Capitais), que representa acionistas minoritários da Laep, enviou carta ao InfoMoney contestando afirmações de Marcus Elias, antigo controlador da empresa, publicadas na última terça-feira. Em depoimento ao Ministério Público Federal, Elias disse que sua família estava sendo “aterrorizada” pelos minoritários e culpou o fundo inglês GLG pela ruína da Laep. Confira a seguir a carta divulgada pela Abrimec sobre o depoimento de Marcus Elias:

“A ABRIMEC - Associação Brasileira dos Investidores no Mercado de Capitais – em nome de seus associados, recorre ao direito de resposta e vem esclarecer os seguintes pontos em relação à reportagem "Em vídeo, Marcus Elias diz que acionistas da Laep aterrorizam sua família" veiculada em 30/09/14 no Portal Infomoney.

i- As afirmações de Marcus Elias de que investidores teriam conluio com o fundo GLG são fantasiosas, amplamente contraditadas pela verdade dos fatos, e visam apresentá-lo mais uma vez como vítima, agora de um "complô internacional";

ii- Em petição judicial, já foi comprovado pelo Ministério Público Federal e Comissão de Valores Mobiliários que as ações caíram em decorrência dos 212 aumentos de capital promovidos por Marcus Elias, sem qualquer comunicação à CVM ou autorização desta para tanto. Nenhuma ação negociada na Bolsa de Valores suportaria tantas e seguidas emissões, as quais totalizaram 4 bilhões de novos papéis;

iii- Quanto à possibilidade de estes minoritários estarem "aterrorizando sua família", precisamos saber de qual família estamos falando já que um dos investidores mais atuantes, que prefere não ser identificado, foi agredido por desconhecidos; seus agressores não tinham intenção de roubá-lo, mas apenas machucá-lo, em claro ato de intimidação;

iv- Sobre os outros momentos do vídeo, em que ele diz que captou no mercado acionário brasileiro R$ 500 milhões, a verdade é que foram levantados R$ 2,5 bilhões, de acordo com documentos oficiais encaminhados pela empresa à CVM, tais quais ITRs e Formulário de Referência 2012, que podem ser consultados no site da própria Companhia, ou na Bovespa;

v- Naquele vídeo, Elias diz que os minoritários sabiam que estavam investindo em uma empresa problemática, porém, na mídia ele não afirmava isso, enquanto precisava vender as BDRs que ele emitia... Pelo contrário, dizia que a empresa estava ótima, credores pagos e, inclusive, mês antes de anunciar a OPA, manifestava, em matérias veiculadas na imprensa, a intenção de comprar a Celpa (Cia. Elétrica do Estado do Pará). Por outro lado, os balanços não eram entregues no prazo correto desde 2010, logo, o investidor não conseguia basear suas informações pelos resultados trimestrais, e sim, pelas matérias veiculadas na imprensa, que eram extremamente positivas (como a venda da LBR antes da recuperação judicial, venda da Daslu por R$ 300 milhões, entre outras). Isso configura propaganda enganosa e indução - dolosa - dos investidores a erro, exatamente os mesmos crimes pelos quais Eike Batista está sendo denunciado pelo MPF-RJ e MPF-SP;

vi- Não obstante, Marcus Elias diz que o bloqueio dos bens pode causar a quebra da empresa e causar grande desemprego. A Laep não emprega ninguém, senão seus próprios diretores. Não passa de uma caixa postal de 30x30 cm nas Bermudas, e que somente tem participações em empresas como no caso da LBR, que é administrada pelo grupo GP e foi vendida para a Lactalis, com a manutenção dos empregos;

vii- Elias, ainda, diz-se preocupado com funcionários, produtores, credores, mas em momento algum faz menção a quem o ajudou a pagar as contas, sendo muito bem lembrado pelo procurador que o que o MPF está defendendo ali, é o direito dos investidores lesados. Já que ele fala em credores, queremos saber quem são estes credores, pois ninguém sabe;

viii- Durante boa parte do vídeo, Elias dedica-se a difamar servidores da CVM, em especial Davi Trindade, chama o juiz de Bermudas de incompetente, difama servidores da Receita (inclusive servidores que não existem, de acordo com a lei de acesso a informação) e difama investidores como Renato e outros. Ou seja, difama, calunia e injuria, gratuitamente;

ix- Marcus Elias tem o desplante de afirmar que teve a casa invadida por quatro vezes! Verdade dos fatos: sua casa, avaliada em R$ 40 milhões, fica num condomínio de altíssimo padrão em São Paulo, e a julgar pelo alto valor, tudo leva a crer que é uma das mais bem protegidas do Brasil. Ou seja, são apenas mais palavras acusatórias, pois faz valer a máxima de quem não tem defesa ataca.

x- E nessa linha de atuação, nem o Ministério Público Federal foi poupado. Elias diz que o procurador que assinou a Ação Civil Pública da CVM não tem credibilidade. De acordo com ele, a CVM não tem credibilidade, e MPF idem;

xi- No fim do vídeo, Elias diz que é uma história de filme, e reafirma isto. Realmente, nos parece uma história de filme: captou R$ 2,5 bilhões da poupança popular e quis pagar R$ 21 milhões para silenciá-los, depois de comprovadamente desviar dinheiro para empresas de terceiros criadas por Diego Carreiro Mesa e Marcelo Duarte;

xii- Como se ainda não fossem suficientes tantos absurdos propagados sem provas, Marcus Elias relaciona pessoas que existem, e outras que nem existem (de acordo com a lei de acesso a informação), a investidores que, obviamente, não conhecem nenhuma delas. E, se ele diz o contrário, então que PROVE!

xiii- Todos os recursos do controlador e da Laep em âmbito judicial foram negados por unanimidade pelos desembargadores, inclusive os recursos ao STJ e STF. Também quis driblar o bloqueio transferindo quatro imóveis caríssimos aos filhos por valores muito abaixo do mercado, não sem antes tentar fraudar os impostos que recaem sobre a transferência (ITBI). É esse o perfil de uma vítima?

xiv- Quanto ao fogo em seu templo, sem comentários! O que a ACP tem a ver com isto? Agora todos os problemas da vida pessoal dele são causados por nós, minoritários?

xv- Não obstante, Elias se compara ao Eike. Não deveria fazê-lo. Eike Batista está respondendo a diversos processos civis, criminais e administrativos, teve arresto de bens, sendo que o que tem se comprovado até agora é que os crimes cometidos pelo Marcus Elias foram muito mais graves e em muito maior número. Qualquer pessoa que acompanha o caso Laep sabe ser este incomparável a qualquer outro. Tanto é que o MPF e a CVM o definiram como o mais aviltante da história da Bolsa no Brasil, quiçá MUNDIAL! E uma afronta a todos os poderes constituídos deste país.

xvi- De forma arrogante, Marcus Elias, em certos momentos do vídeo, lança um desafio à própria CVM. Provocando os 13 mil minoritários lesados e suas famílias, bem como os atuais e futuros investidores do mercado de capitais brasileiro. Pois agora queremos saber: que desafio é esse? Por que ele foi lançado?

Que a justiça seja feita!

Este, o objetivo da ABRIMEC, que dele não recuará até que seja alcançado!”