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Intervenções do governo na economia são "estabanadas e incompetentes", diz Lisboa

26/02/2015 16h45

SÃO PAULO - As intervenções do governo atual na economia são "estabanadas e incompetentes", afirmou o ex-Secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, durante lançamento do livro "Reinventando o Capitalismo de Estado", realizado no Insper. O economista participou de um debate com Delfim Netto, Samuel Pessoa e Sérgio Lazzarini. 

Lisboa também falou sobre a crise da Petrobras (PETR3; PETR4), afirmando que a regra de conteúdo nacional na exploração do petróleo e as intervenções tarifárias realizadas com o objetivo de combater a inflação foram piores para a empresa do que a corrupção apurada pela Operação Lava jato. 

Quem também criticou o atual modelo de exploração foi o economista Samuel Pessoa, que disse ser contra a obrigatoriedade do conteúdo nacional atualmente prevista no Marco Regulatório. No modelo de concessão, por exemplo, a Petrobras tem uma participação mínima de 30% pelo lei vigente, o que é um entrave para a entrada das empresas estrangeiras na concorrência para a exploração da commodity no Brasil. Os economistas concordaram que faria bem à Petrobras ser confrontada com essa competição para estimular a produtividade da estatal.

No entanto, para ele, há uma dificuldade essencial em realizar essas reformas, que é de natureza política. "A oposição está com medo de entrar nesta discussão", disse Pessoa. Na sua opinião, o PT pode demonizar quem falar em alterações no Marco Regulatório. 

Já o autor do livro que fala sobre atuação do estado na economia, Sérgio Lazzarini criticou a maneira como os fundos soberanos do petróleo são usados no Brasil, citando o exemplo do Chile, que usa os fundos das commodities, em especial o cobre, para investir em empresas nascentes em outros setores. 

Privatização
Pessoa finaliza dizendo que não acha que a Petrobras deva ir para a iniciativa privada. "A exploração e a produção em águas profundas está bem como está", afirmou, citando apenas que "venderia refinarias e parte da distribuição". Mas ele ressalva que a gerência do estado deve ser guiada por uma série de regras, de modo que a estatal não perda novamente R$ 60 bilhões por causa de um controle de preços.