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Apesar da crise, 6 empresas surpreendem com balanços e mostram ótimas oportunidades

03/08/2015 16h50

SÃO PAULO - A meta fiscal mudou de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) para 0,15%, podendo até ter déficit, o País está em crise e os juros já subiram para 14,25% ao ano para conter uma inflação que beira os dois dígitos. No entanto, se isso é motivo para muitas empresas pararem de investir e até fechar as portas dependendo do nível de endividamento, algumas grandes companhias acabaram entregando resultados bastante sólidos, praticamente ignorando a conjuntura macroeconômica adversa. 

Entre elas está a gigante Ambev (ABEV3), que não se intimidou com o desafio de entregar resultados em meio a uma queda no consumo e teve até um crescimento de 27% no seu lucro no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado. Raia Drogasil (RADL3) foi ainda mais impressionante, registrando um aumento de lucro de 74% nos últimos três meses. 

Confira quais foram os resultados que superaram as expectativas do mercado e deram um olé na crise:

Ambev
A Ambev ( ABEV3 )  divulgou resultados do segundo trimestre de 2015  e surpreendeu positivamente. A companhia teve lucro líquido de R$ 2,83 bilhões no segundo trimestre, alta de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado, informou nesta quinta-feira. A média das expectativas dos analistas era de uma alta de 17,17% no resultado líquido da empresa, atingindo R$ 2,545 bilhões. 

A empresa conseguiu superar as projeções mesmo com efeitos negativos como a desaceleração econômica no Brasil, que afeta o consumo em geral e o benchmark elevado do balanço do 2º tri de 2014, quando ocorreu a Copa do Mundo. O evento alavancou as vendas de cerveja no País. 

Em relatório assinado pelos analistas Thiago Duarte e José Luis Rizziardo, o BTG Pactual disse que a companhia reportou resultados sólidos e melhores do que o esperado para o segundo trimestre de 2015. O banco de investimentos ainda destaca a geração de fluxo de caixa operacional impressionante de 43% para R$ 4,3 bilhões.  

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Ambev foi de R$ 4,123 bilhões, avanço de 23,9%. A média das projeções era de uma aproximação da geração de caixa chegando a R$ 3,986 bilhões, o que representaria uma elevação de 19,77%.  Enquanto isso, a Receita Líquida foi de R$ 9,910 bilhões, uma alta de 21,2% na comparação ano a ano. Os analistas esperavam que o dado viesse em R$ 9,586 bilhões, um incremento de 17,22%.

Raia Drogasil
A Raia Drogasil (RADL3) registrou aumento no lucro de 74,2%, para R$ 108,2 milhões de abril a junho (valor não ajustado). A receita líquida subiu 22,7% sobre o mesmo período do ano passado, para R$ 2,18 bilhões. As vendas "mesmas lojas" registraram alta de 14,7%, acima da taxa de cerca de 11% do mesmo intervalo de 2014. Já o Ebitda atingiu R$ 217,1 milhões, aumento de 57,3%.

Conforme ressaltou a equipe de analistas do Brasil Plural, esse foi o melhor trimestre da história da companhia, com níveis de crescimento bastante expressivos mesmo em um período mais desafiador, tendo em vista a deterioração do plano econômico doméstico. “Vemos potencial para revisões crescentes nos lucros, o que poderia ser impulsionado ainda mais no caso da confirmação das especulações sobre a aceleração no ritmo de abertura de lojas”, escreveu o analista Guilherme Assis.

BRF
A empresa de alimentos BRF (BRFS3) divulgou que seu lucro líquido teve alta de 46,6%, passando de R$ 249 milhões no segundo trimestre de 2014 para R$ 364 milhões de abril a junho deste ano. Ante o primeiro trimestre de 2015, houve queda de 21%. Os resultados consideram somente as operações continuadas, sem a atividade de lácteos, cuja venda foi anunciada em dezembro do ano passado e concluída em 1 de julho.

A geração de caixa medida pelo Ebitda avançou 43,6%, passando de R$ 906 milhões de abril a junho do ano passado para R$ 1,4 bilhão no segundo trimestre deste ano. Ante o primeiro trimestre de 2015, o Ebitda teve alta de 45,1%. A margem Ebitda dos segundo trimestre de 2015 foi de 17,4% ante 13,7% do mesmo período do ano passado e 13,5% do primeiro trimestre deste ano. Já a receita líquida da companhia ficou em R$ 7,913 bilhões, alta de 12,8% na comparação com a de R$ 7,015 bilhões do segundo trimestre de 2014 e de 12,3% frente ao primeiro trimestre deste ano (R$ 7,048 bilhões).

Com isso, a companhia foi outra que reportou números bem recebidos pelo mercado. Em relatório hoje, o Credit Suisse comentou que, mesmo negociando em múltiplos elevados, há um potencial de valorização bastante interessante para a ação em função das melhorias operacionais, crescimento, liderança nos mercados em que atua. A depreciação do real frente ao dólar também jogou a favor da empresa.

Energias do Brasil (ENBR3)
A companhia reportou lucro líquido de R$ 744 milhões no segundo trimestre, contra R$ 184 milhões no mesmo período de 2014, o que corresponde a uma alta de 305,2%. Já o Ebita (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 1,222 bilhão, o equivalente a um crescimento de 184% em comparação com os R$ 430,12 milhões atingidos entre abril e junho do ano passado. O Santander viu o resultado como positivo, destacando uma melhor estratégia de alocação, ganhos de capital com consolidação de Pecém e melhores preços de tarifas.

Lojas Renner
A Lojas Renner (LREN3) divulgou seu resultado do segundo trimestre na noite da última quinta-feira (30). A varejista conseguiu ficar levemente acima das já otimistas projeções. Analistas estavam animados com os números da companhia, acreditando que mesmo com a crise econômica afetando fortemente o varejo, a Renner seria uma das poucas a se salvar de um mau resultado. E foi o que aconteceu.

A companhia registrou lucro líquido de R$ 158,17 milhões, uma alta de 33% ante o mesmo período de 2014. A média compilada pela Bloomberg com a opinião de 17 analistas indicava um lucro de R$ 147,50 milhões. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 326,20 milhões, ou 31,4% maior que um ano atrás. Enquanto isso, a receita líquida avançou 22,4%, atingindo os R$ 1,536 bilhão, ficando acima dos R$ 1,513 bilhão projetados pelos analistas. Já as "vendas em mesmas lojas" (estabelecimentos abertos a mais de 12 meses) tiveram evolução de 14,5%.

Os números surpreenderam o mercado, superando as expectativas dos especialistas que cobrem o papel. Analistas do Credit Suisse ressaltaram, entretanto, que, embora a empresa continue sendo prudente na exposição de crédito, a piora na inadimplência vista no período poderia ser vista com preocupação. Ainda assim, eles destacaram que a ação continua sendo a melhor opção para quem quer estar exposto ao setor de varejo no Brasil.

Sul América
A Sul América (SULA11) teve lucro líquido de R$ 123,5 milhões no segundo trimestre, uma alta de 130,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A companhia apurou R$ 4,278 bilhões em receitas com seguros, uma evolução de 13,2% na comparação com igual termo de 2014. O resultado superou bastante as expectativas das principais casas de análise.