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O que explica a queda de 20% em 30 dias de um dos melhores IPOs da Bolsa?

01/09/2015 16h41

SÃO PAULO - Os investidores estão cansados de saber que a administradora de programas de fidelidade, Smiles (SMLE3) é uma das melhores ações da Bolsa, chegando a acumular 230% de valorização desde o IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) em abril de 2013. No entanto, os acionistas da companhia não andam tão felizes ultimamente. Em 30 dias, os papéis da companhia já caíram 20% e zeraram os ganhos do ano, depois de chegarem a registrar ganhos de 30% em 15 de julho, quando as SMLE3 bateram suas máximas históricas em R$ 58. 

A forte baixa hoje, de 7%, é seguida de perto por poucos ativos dentro da carteira teórica do Ibovespa, o benchmark do nosso mercado. Uma delas é justamente da controladora da Smiles, a Gol (GOLL4), que cai 6% nesta sessão. Este, na verdade, foi ventilado como um dos motivos para a queda da operadora de programas de fidelidade. 

Alguns investidores no mercado já falam na possibilidade de quebra da Gol. A companhia aérea atualmente sofre com o pior dos seus mundos possíveis, com o dólar alto, o petróleo em recuperação e o Brasil em crise. Com a maioria das suas despesas denominadas em moeda estrangeira (aviões e peças importados), o combustível perfazendo seu maior custo e as pessoas viajando menos por conta da fraca atividade da economia, não é difícil perceber que não há motivo para qualquer investidor ficar otimista com Gol. 

Com isso, apesar de serem negócios relativamente separados, a crise da companhia aérea acaba contaminando a Smiles, que pode ser usada para ajudar no balanço da controladora. Contudo, para Gesley Henrique Florentino, analista da Gradual Investimentos, isso é muito pouco provável de acontecer. O acordo de acionista de Gol com Smiles é bem definido, e ela não deve piorar os termos de trocas com a controlada porque isso prejudicaria as ações dela, então estaria ganhando em uma ponta para perder em outra", explica. 

Na opinião dele, o que mais afeta mesmo as ações da empresa é o dólar, que a longo prazo traz impacto na companhia porque piora os termos de troca com os bancos, que ficam expostos na operação de milhas. Para uma pessoa que faz compras e acumula milhas no exterior com o cartão de um banco, este mesmo banco só irá comprar da Smiles estes pontos na hora do fechamento da operação. Ou seja, se a pessoa comprou quando o dólar valia R$ 1 e o fechamento da compra foi a três, o banco terá que pagar esta diferença à Smiles. Por isso, os parceiros financeiros da empresa acabam pedindo descontos na hora de comprar as milhas do programa. 

Isso fora que a questão econômica, embora seja boa em um primeiro momento para a Smiles, também bate nela no longo prazo. Segundo o analista da Coinvalores, Felipe Martins Silveira,  no curto prazo a crise é benéfica para a companhia, já que as pessoas estão com menos dinheiro disponível a acabam optando por pagar suas viagens mais com milhas do que com dinheiro. O único problema, neste caso, é que no longo prazo as pessoas  vão acumular menos milhas por conta da queda no consumo.