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Bolsa parece barata, mas volatilidade não compensa uma entrada agora

09/10/2015 15h37

SÃO PAULO - Apesar do rali dos últimos dias, o Ibovespa ainda opera atualmente no seu nível mais baixo em dólar desde a crise de 2008. Ou seja, dividindo o "preço" do nosso benchmark de ações pela cotação da moeda norte-americana, o valor que pagamos para comprar todo o índice se usarmos a moeda dos EUA é o mais barato em quase 7 anos. Levando em consideração que 52,32% do volume negociado na Bovespa está nas mãos de investidores estrangeiros, isso traria a conclusão de que é hora de entrar comprado na Bolsa. No entanto, não é o que o BTG Pactual recomenda. 

Em seu relatório mensal com o cenário do Ibovespa em dólar elaborado pelos analistas Fábio Levy e Bernardo Teixeira, o BTG explica que as ações dentro do Ibovespa parecem baratas, mas a volatilidade é muito alta e os retornos esperados estão muito baixos para compensar. 

Em relatório, eles explicam que a queda de 11% do benchmark da nossa Bolsa em setembro foi acompanhada também de uma contração maciça nos lucros empresariais no mesmo período, o que anula um possível barateamento pelo múltiplo P/L (Preço por ação dividido pelo Lucro por ação). Além disso, as taxas de juros de longo prazo estão subindo, sendo que os contratos futuros de DI com vencimento em um ano já entregam taxas reais (descontando a inflação esperada no período) de 9,2%, contra apenas 0,7% de prêmio atualmente para as ações.  

Na prática, isso significa que colocar o dinheiro na renda fixa apostando em um aumento da Selic no longo prazo e ir dormir tranquilo atualmente vale mais a pena do que se arriscar no mundo das ações. 

O BTG ainda lembra que embora a crise atual tenha tanto um componente político quanto um componente econômico, o segundo está fortemente dependente de uma resolução no primeiro, que parece cada vez mais difícil. "O governo não parece ter apoio político ou popular o bastante para conseguir aprovar o pacote fiscal no Congresso", diz o paper.

Assim, a recomendação do banco é esperar. Passadas as questões mais importantes da agenda política como a votação dos vetos da presidente Dilma a pautas bomba, a análise dos pedidos de impeachment e a Convenção Nacional do PMDB em novembro, se a Bolsa continuar parecendo barata, o investidor pode entrar, mas, no momento, o risco continua muito grande de ser pego em viradas inesperadas por conta do cenário político.