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Suécia pode ser o primeiro país a não usar mais dinheiro vivo, diz pesquisa

09/11/2015 11h49

SÃO PAULO - Graças à enorme adesão sueca a soluções tecnológicas e ao combate do crime e do terror, o país pode ser o primeiro a deixar de lado o dinheiro físico de uma vez por todas, mostra uma nova pesquisa realizada pelo KTH Royal Institute of Technology.

De acordo com a publicação, o aumento do uso de soluções de pagamentos móveis fez com que a circulação de cédulas e moedas físicas caísse entre 40% e 50% em apenas seis anos, o que pode significar um pulo até que ele deixe de ser usado de uma vez por todas.

A página afirma que atualmente existem menos de 80 bilhões de coroas suecas em circulação (o que significa aproximadamente R$ 33 bilhões), ante 106 bilhões de coroas suecas seis anos atrás.

Isso foi possível graças à parceria entre bancos suecos e dinamarqueses, que criaram o aplicativo Swish. O app permite transações financeiras entre indivíduos em tempo real, via dispositivos móveis e com funcionamento simples.

Dentre os 9,5 milhões de habitantes do país, mais de 3 milhões já usam o Swish, que conta com a colaboração do banco central sueco.

Transferências demoram até 2 dias nos EUA

Outros países possuem sistemas de pagamentos móveis, como o Venmo nos Estados Unidos, mas nenhum deles funciona em tempo real como o Swish, sendo que a transferência pode demorar até dois dias para ser completa.

Isso faz com que as pessoas sejam mais desconfiadas de seu uso e a característica de “troca de mãos” é perdida. Além disso, nem todos os bancos acataram a ideia em outras partes do mundo.

“Além de simplicidade e custos mais baixos, os pagamentos digitais significam maior transparência ao sistema de pagamentos da nação. Muitos bancos na Suécia já possuem braços 100% digitalizados que simplesmente não aceitam dinheiro”, diz o site da pesquisa.

Aplicativo exclui parte da população

De acordo com Niklas Arvidsson, professor responsável pelo estudo, mesmo com toda a popularidade do aplicativo até agora, a dificuldade é que o país garanta que todas as pessoas consigam participar do novo sistema de pagamentos, ou mesmo de cartões de débito.

“A transformação representaria desafios àqueles que não são familiares ao uso de computadores e smartphones, principalmente pessoas mais velhas e que vivem em áreas rurais”, afirma.

Essas pessoas, entretanto, tendem a gastar cada vez menos conforme envelhecem, enquanto os jovens, que gastam mais, são mais adeptos de novas tecnologias.

Além disso, claro, a população sem-teto e imigrantes sem documentação também podem encontrar barreiras caso essa digitalização completa ocorra; e essas pessoas dependerão ainda mais da boa vontade do governo para sobreviver.

Outra questão que incomoda algumas pessoas, mesmo em um país tão conectado como a Suécia, é a privacidade.

“Se todos os pagamentos puderem ser rastreados pelo governo, isso não será a melhor solução para o interesse da população. Claro que poder rastrear dinheiro é bom para um governo que quer reduzir o crime organizado, mas também existe a possibilidade que governos corruptos abusem deste poder”, diz o professor.

Ardvisson afirma também que, apesar das dificuldades, “não é impossível que uma revolução bancária com berço sueco ocorra ao redor do mundo”.